Combustíveis fósseis e emissões de carbono

A grande maioria dos cientistas que estudam o fenômeno do aquecimento global do planeta tem responsabilizado as emissões excessivas de gases do efeito estufa, dando especial destaque à queima de combustíveis fósseis. Apesar dos esforços crescentes no desenvolvimento de energia limpa nas duas últimas décadas, associados a práticas de conservação de energia desde a primeira crise do petróleo, em 1973, o consumo mundial de energia continua aumentando. Está sendo previsto um crescimento médio anual de 1,4% até 2040, segundo o caso de referência citado no International Energy Outlook 2016 (Energy Information Administration, EIA – 2016). Por sua vez, esta publicação da EIA prevê um crescimento médio anual de 1,2% para o consumo de energia no setor industrial no mesmo período.

A tendência mundial para combater o aquecimento global está expressa no relatório BP Energy Outlook 2017: enquanto as participações percentuais do petróleo e do carvão mineral na energia primária mundial diminuem, a parcela do gás natural (GN) deverá crescer 1,6% ao ano entre 2015 e 2035, atingindo 25% no final deste período; está previsto também que a participação da energia renovável, fonte que apresentará o maior crescimento nesse período, seja responsável por 10% da energia primária em 2035. Apesar disso, as previsões mostram a importante participação dos combustíveis fósseis que, segundo o relatório da BP, ainda contabilizarão mais de 75% das fontes primárias de energia em 2035 (eram 85% em 2015).

No setor industrial, ambas as publicações da EIA e da BP (Bristh Petroleum) indicam claramente a significativa participação mundial ainda crescente do GN como energético, passando de 50,7 em 2012 para 80,4 quatrilhões de BTU por ano em 2040 (EIA, 2016). No Brasil, esta premissa não será diferente, visto que existe significativo potencial nas jazidas do pré-sal, além do seu favorável posicionamento geográfico em relação aos centros industrializados.

Porém existem ainda alguns entraves quanto à disponibilidade do GN, caso necessário gerar energia elétrica em quantidades significativas através de usinas térmicas, como consequência de baixos índices pluviométricos. Além disso, o aumento da disponibilidade de gás natural depende ainda de pesados investimentos a serem realizados, tanto em redes de transporte como nas redes de distribuição.

E as alternativas da distribuição com gás natural liquefeito e gás natural comprimido ainda são incipientes como solução energética no Brasil.

Por outro lado, existe a possibilidade do atendimento à demanda industrial com o gás liquefeito de petróleo (GLP), devido à ampla rede de distribuição que atende a 100% dos municípios brasileiros (SINDIGÁS, 2014). Com respeito à produção de GLP, o país caminha para a autossuficiência, onde suas principais fontes são o refino do petróleo e as Unidades de Processamento de Gás Natural.

A Tabela 1 indica as emissões específicas de gás carbônico, mostrando as reduções possíveis de se obter com a substituição dos combustíveis sólidos e líquidos por gás natural e gás liquefeito de petróleo.

Nesta tabela foram considerados apenas os cálculos teóricos das emissões, baseado nos teores médios de carbono contido nos combustíveis e seus poderes caloríficos. Não foram levadas em conta as eficiências nas aplicações em processos industriais, por serem valores particulares a cada caso. Mas, de modo geral, a opção gás favorece a obtenção de eficiências mais elevadas na medida em que existe uma maior intimidade com o oxigênio, exigindo baixos excessos de ar de combustão.

Também o fato dos produtos da combustão serem limpos, praticamente sem enxofre e fuligem, pode possibilitar a mudança do processo de troca de calor indireta por troca direta.

Assim, é possível concluir que os gases combustíveis (GN e GLP) são energéticos de transição, colaborando significativamente para a redução das emissões de carbono, chuva ácida, fuligem e outros poluentes, sendo as opções mais indicadas para as próximas décadas até que energias renováveis estejam disponíveis.

 

Referências

[1] BP – British Petroleum, Energy Outlook 2017 edition;
[2] EIA – U.S. Energy Information Administration, International Energy Outlook 2016, Office of Energy Analysis, U.S. Department of Energy, Washington, USA, 2016;
[3] SINDIGÁS, Gás LP no Brasil, volume 9, 1ª edição, pág. 2, Rio de Janeiro, 2014.

 

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