Fernando Lummertz

Fernando tem uma longa vivencia na área de tecnologias térmicas. Gaúcho, formado em Administração de Empresas, ele veio para São Paulo no inicio da década de 70 para trabalhar na Pyro Tratamento Térmico, situada no bairro de Santo Amaro, em São Paulo. Inicialmente contratado como encarregado de custos, ele, bom comunicador, foi rapidamente remanejado para a área comercial da empresa. Logo teria a chance de influenciar decisões que o levaram a outros patamares.

Foi assim, por exemplo, quando outra empresa do mesmo grupo, a Pyro Fornos Industriais, fabricou um forno de retorta rotativa de cementação, tecnologia nova na época. Como de costume, a empresa instalava o primeiro equipamento em seu próprio tratamento térmico, para testes e aprovação, antes de iniciar as vendas ao mercado. Fernando enxergou em seu estagiário, um filho de imigrantes japoneses recém chegado do Japão, a pessoa certa para aprender a operar o novo e sofisticado equipamento, previsto para cementar pequenas peças com pequenas camadas. Os outros técnicos da empresa estavam acostumados com os fornos tipo carro e similares, tratando peças grandes com processos de normalização ou recozimento, bem distinto do novo equipamento. Ele conseguiu a aprovação do gerente da área para a transferência do estagiário. Deu certo. Em pouco tempo, Setsuo Nakahara, hoje diretor da empresa de tratamentos térmicos Metaltécnica, em Porto Alegre, dominou o forno de atmosfera controlada. Fernando conta que ele começou então a descobrir uma infinidade de clientes com necessidade de tratamento de peças pequenas que poderiam ser atendidos. A indústria automobilística estava crescendo, a demanda por peças seriadas era grande e havia procura por substituição de componentes importados.

O sucesso da venda de serviços do forno contínuo fez com que o dono da empresa, Joaquim Fromer, se interessasse por conhecer mais detalhes da operação. Ele dirigia pessoalmente a Pyro Fornos Industriais, que também estava sediada no bairro de Santo Amaro, porém em outro endereço. Certo dia surgiu a possibilidade de visitarem juntos um cliente, que, por estar situado longe, permitiu a Fernando a oportunidade de se apresentar melhor durante o longo deslocamento junto com seu chefe. Conforme ele, Fromer o chamou à sua sala alguns dias depois para uma reunião e lhe propôs um desafio. Explicou que tinha várias outras empresas, todas dedicadas a tecnologias térmicas mas produzindo diferentes produtos, como a Pyro Resistências Elétricas em Curitiba, Pyro Trocadores de Calor em Diadema, Pyro Importação e Exportação em Campo Belo, bairro de São Paulo, Pyro Química em Diadema, fabricante de sais de tratamento térmico e a associação com a Inductotherm produzindo então fornos a indução em Manaus. A queixa de Fromer era que as empresas não conversavam entre si, e ele queria que Fernando Lummertz fosse o elo de ligação, integrando as diferentes culturas e fazendo com que a sinergia rendesse mais negócios ao grupo. Ele aceitou o desafio e passou a ocupar uma sala ao lado da do dono.

Diz hoje que ali é que ele começou de verdade a se sentir na área de tecnologia térmica. Aprendeu bastante e pôde contribuir muito para a integração e crescimento do grupo, onde acabou ficando quase doze anos, acumulando no final as funções de Diretor Comercial, Financeiro e Administrativo. Uma das vendas interessantes que fez ao longo de sua carreira na Pyro foi de um forno com revestimento isolante a base de blocos de manta de fibra cerâmica, que introduziu a utilização deste tipo de material no mercado e que também lhe rendeu um novo emprego. Aproveitando uma consulta da Conforja, que produzia peças para a exploração de petróleo e que necessitava de um forno para tratamento de peças de grande porte, Fernando ofereceu um forno com a nova tecnologia ao dono da empresa, Wilhelm Karl Endlein.

Este ficou encantado com a modernidade e acabou adquirindo o equipamento com o novo revestimento. Passados alguns anos deste acontecimento, um dia o Sr Endlein telefonou para Fernando e lhe disse: “Sabe aqueles fornos que você forneceu para nós? Instalei mais fornos, aquilo cresceu muito, acho que dá para fazer um tratamento térmico para terceiros. Preciso de você para isso”. Naquele momento a Pyro não estava em um grande momento e Fernando achou por bem aceitar o desafio. Foi trabalhar na Conforja, assumindo o desenvolvimento do mercado de tratamento térmico da empresa. Ele diz que aproveitando os próprios conhecimentos internos da Conforja, pôde trazer clientes e pedidos importantes.

A empresa tinha o foco na forja e usinagem de peças para a indústria petrolífera, e o corpo de vendas não estava interessado em agregar tratamento térmico ao negócio, temendo que isto por diversos motivos poderia atrapalhar a negociação com o cliente. Assim, muitas peças eram fornecidas sem tratamento, feito em tratadores térmicos externos à empresa. Fernando reverteu este quadro, a ponto da empresa precisar mais fornos. Aí o Sr Endlein lhe disse: “Você sabe fabricar fornos? O que precisamos para fazer?” Fernando lhe explicou que seria necessário um bom projeto e mão de obra, que a Conforja possuía, pois tinha empresas fabricantes de bens de capital no grupo. Com a compra de projetos no exterior, Fernando acabou montando a divisão de fornos industriais, agrupada na então criada Conforja Equipamentos. E estreou no mercado em grande estilo, ao vender para a então Acesita uma linha completa de recozimento.

Fernando diz que tinha paixão pela revista Industrial Heating americana, e começou a alimentar a ideia de fazer uma revista semelhante no Brasil. Em 1989 resolveu sair da Conforja para abrir a revista Aquecimento Industrial. Apresentou o projeto ao Sr Endlein, que lhe pediu que permanecesse um tempo ainda na empresa até a publicação deslanchar no Brasil. E foi o que ele fez. A Revista Aquecimento Industrial preencheu uma lacuna do mercado. Cresceu, Fernando teve que mudar de endereço algumas vezes, adequando o espaço à expansão da revista. E foi esta expansão que acabou fazendo o negócio tropeçar. Tentando complementar as atividades, acabou arrendando uma gráfica. Ele diz que este foi o começo do declínio, porque complementaridade não significa necessariamente a existência da harmonia. Acabou vendendo a revista para um grupo editorial, mais interessado nos anunciantes do que na publicação.

Foi admitido pelo grupo Metalpó – Combustol, como assessor da presidência e onde permaneceu de 94 a 97. Antes, no inicio da década de 90, ele havia feito a primeira edição de uma feira do setor de tecnologias térmicas, a FEBRAI, Feira Brasileira de Aquecimento Industrial. Depois de sair da Combustol fez mais uma outra, a EXPOTERM. Resolveu se dedicar mais a este mercado. Criou a empresa IBRAEXPO, dedicada à consultoria na área. Juntamente com o Grupo Cipa Fiera Milano, lançou e promove a TERMOTECH, única feira na América Latina voltada especificamente às tecnologias térmicas e realizada bienalmente na cidade de São Paulo. Mais recentemente criou a UNIFEIRAS – PRO expositor, um núcleo de capacitação para profissionais envolvidos com as feiras de negócios. Tornou-se conferencista, muito requisitado para palestras e cursos sobre feiras e onde mais de 3000 profissionais já participaram. Escreveu um livro, Feiras de Negócios – Como Planejar, Organizar, Controlar e Avaliar a Participação nas Feiras. Nele, Fernando aborda passo a passo todas as fases da gestão da participação em feiras, desde a seleção da feira certa para o expositor participar, até o momento de avaliar o retorno do investimento. Ele diz: “Estou muito satisfeito com o reconhecimento que o mercado vem demonstrando quanto a eficácia dos treinamentos que tenho realizado para o setor de feiras.

 

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