Redes sociais digitais: São assuntos da indústria?

Em virtude do impacto que causou (e que continua causando em nossas vidas), não tenho dúvidas que o surgimento da Internet é um marco expressivo na história da humanidade. As transformações que ela já proporcionou e as possibilidades que ainda se colocam são inúmeras. A Internet trouxe capacidade de comunicação com agilidade. Com ela ganhamos tempo, encurtamos as distâncias e ficamos expostos 24 horas, sete dias por semana, 365 dias por ano. Em outras palavras, viabilizou-se um maior número de transações comerciais, otimizou-se investimentos e aumentou-se os lucros (a lógica do capital). Mais um pulo e surgiram os sites de relacionamento – espaços virtuais onde pessoas podem – como o nome já diz – “relacionar-se”, formando (ou consolidando) o que chamamos de redes. Para entendermos melhor, recorrerei a Drummond: “João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém…”). Pois é: pessoas, interesses, afinidades, algo em comum. Obviamente não estamos nos referindo (apenas) a questões amorosas.

Os seres humanos formam redes por sua própria “natureza”. A já tradicional figura de homens pré-históricos em volta de uma fogueira, dentro de uma aconchegante caverna, é uma imagem que nos remete a isso: pessoas, seus vínculos, seus diálogos. Imagine a cena: “Ah, este javali está ótimo, quero mais! Passa a caça pra mim”. E, diz o outro: “Claro, sem a sua colaboração o bicho teria escapado!”. “Precisamos de uma mesa de jantar, nova,” diz a esposa, do segundo. E, a esposa do primeiro, completa: Conheço um profissional que faz uma mesa divina, com tampo de rocha magmática”. Vivemos em rede desde que nascemos: a família, a escola, a igreja, o trabalho etc. Falando de uma maneira simplista (porque em poucas linhas não será possível nos aprofundarmos) a convergência de demandas, interesses e objetivos agrega as pessoas. Os nós, que constituem esta rede, propiciam o trânsito da informação. Há, portanto, que se pensar em movimento, fluidez! No início da web éramos praticamente apenas expectadores. Consumíamos passivamente a informação lá inserida. A comunicação fluía de “um” para “muitos”. Neste aspecto, era algo até semelhante ao jornal, rádio, TV. Entretanto, com o surgimento da web “2.0” passamos a ter a comunicação de “muitos” para “muitos” (como um grande almoço em família aos domingos). Neste panorama dinâmico e caótico (aparentemente) as mensagens caminham sem amarras e sem intermediários. É um ambiente de interação, compartilhamento e colaboração.

O que ocorreu foi a possibilidade de utilizarmos este espaço virtual como ferramenta para nos expressarmos e, assim, consolidarmos nossos nós ou criarmos outros, agora pela via digital. Com a diferença que é possível ampliá-la, sobremaneira, encontrando pessoas do outro lado do planeta e obtendo informação que julguemos como valiosa. Pois bem, se estes sites promovem relacionamento e se o sucesso dos negócios, em grande medida, atualmente depende disso, então porque não embarcar nessa? As organizações mais ágeis perceberam isso, principalmente as que estão inseridas no contexto B2C (Business to Consumer), onde empresas se relacionam diretamente com consumidores finais. Umas melhores, outras nem tanto. Aquelas que investiram em um diálogo um pouco mais elaborado, na interação com seus clientes (e/ou “fãs”) alcançaram mais rapidamente o sucesso, comparado aquelas que ainda insistem em utilizar o espaço apenas para fazer seu comercial (sem graça, diga de passagem). Infelizmente, muitos ainda confundem site de relacionamento, com páginas de classificados!

Ok, seu produto ou serviço não é para o grande público final, você está envolvido com máquinas, equipamentos, automação, processos produtivos. É verdade, no contexto B2B (Business to Business), onde empresas vendem para outras empresas, este efeito é mais lento, diferente do que ocorre com o B2C (Business to Consumer). Certamente isso não invalida um canal através do qual você pode se comunicar diretamente com seu público, devidamente segmentado e que cresce dia a dia. Não parece um sonho? Através das redes sociais digitais é possível encontrar talentos, esclarecer dúvidas técnicas, promover divulgação institucional, tal como registrar seus valores ou divulgar ações sustentáveis. Observar o comportamento do mercado, reclamações a respeito dos concorrentes, novas demandas. Mas nem tudo estará dado explicitamente, algumas informações estarão nas entrelinhas e precisarão ser decodificadas (o que requer alguma experiência).

É possível divulgar e solidificar a marca, ganhar visibilidade a partir da conquista de admiração e respeito (isso pode ser um diferencial). Será preciso definir a estratégia. Facebook, Orkut, LinkedIn, Twitter, Youtube. Existem várias alternativas possíveis (ou mais de uma). Cada uma delas possui sua especificidade. Há uma grande discussão em torno das definições de rede social. Se este ou aquele site é uma “rede social”, um “site de relacionamento” ou uma “plataforma de compartilhamento” – ou ambos. Contudo, não entraremos neste mérito. Ter um site não é o suficiente. Se ele permitir algum tipo de interação, ajudará. Mas é importante ter um perfil onde estarão cotidianamente: seu público alvo, seus fornecedores, seus colaboradores (estes últimos são um problema a parte e cabe falarmos a respeito em outro artigo), enfim, a sociedade! A consolidação de bons contatos permite interação entre diversas perspectivas sobre temas comuns. Ajudará sua organização a pensar fora da caixa e a promover a inovação! Setores como comércio e serviços já aderiram! A indústria não pode continuar em sua zona de conforto, deve abandonar posturas conservadoras, quando já vivemos em um mundo formado por nativos digitais. E lembre-se: não participar (ter uma página) não impede que aqueles já participem falem sobre você, sua empresa e seus produtos. A tecnologia está aí, ao alcance de todos para ser apropriada e reinventada. Sim, uma linda rosa possui seus espinhos (que não lhe roubam sua beleza), e disto trataremos em um novo texto.

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