Uma nova perspectiva sobre a história da siderurgia brasileira

A partir desta edição da Industrial Heating, estaremos voltados para estudar a ligação do elevado grau de desenvolvimento de tecnologias pela siderurgia brasileira, no início do período em que o mundo até então dito civilizado foi seguido, com mais evidência na Europa e Japão, após a Segunda Guerra Mundial.

Isso enobrecerá, nos dias de hoje, pesquisar a história da siderurgia brasileira na terceira fase da industrialização brasileira, aclarando, assim, estes quadros históricos após a Segunda Guerra Mundial, a qual atingiu naqueles dias um ápice sem precedentes. A metalurgia, em particular, girou os famosos 180o que simbolizam crescimentos circunstanciais em face das revoluções que o homem desenvolve oportunamente.

De fato, as matérias hoje apresentadas pela revista Industrial Heating deixam ver o notável aumento do conhecimento da história das ciências, das tecnologias e epistemologias (teoria/filosofia do conhecimento/o ramo da filosofia que trata da natureza, das origens e da validade do conhecimento), por parte deste setor, hoje manifestando também um grande desenvolvimento relativo aos processos mecânicos/físico/químicos que, atualmente, estão presentes, com possibilidades de avanços ainda maiores no futuro próximo.

Face ao grande crescimento que a Industrial Heating vem revelando, estas epistemologias, em particular, já mereciam, então, uma pesquisa mais dedicada a esta questão, ou seja, sua história.

Antecedentes sempre serão necessários. Uma história das ciências mais vigorosa é encontrada na Encyclopaedia Britannica, fundada em 1768, durante a Revolução Científica. É inacreditável o valor histórico desta Encyclopaedia. Sua edição de 1912 abriu o assunto referente à Revolução Científica, assim como as edições de 1956 e 1972, etapas desta história sempre em movimento.

O exemplo sempre vem de cima, ou, neste caso, de acontecimentos históricos, desde quando a direção da Encyclopaedia renovou a maneira de examinar estas questões, de forma científica, ou seja, uma Encyclopaedia inquisitiva, enumerando tudo que dissesse respeito ao avanço das ciências e das tecnologias. Em suma, a eterna procura do “porquê” e da “inovação” que cresciam a olhos vistos. Cada edição dava um passo à frente.

Indo ao fundo do poço, o leitor mesmo pode entrar nesta pesquisa e verá como a história das ciências em escala mundial já estava em grande ascensão na Inglaterra nos séculos XVII e XVIII.

Como chegar à história da siderurgia brasileira? Neste terreno científico, a metalurgia surgiu daquela revolução, com grande ímpeto, ao ser criada uma tecnologia de fabricação do aço por sopro, de Henry Bessemer, em 1856. Adquiri as duas primeiras edições quando estudava metalurgia, desde 1957, com ênfase no uso dos refratários, e em particular as histórias das ciências, em Rutgers, The State University of New Jersey, fundada em 1766, em New Brunswick, no estado americano de New Jersey, no quadrilátero que envolvia o MIT (Massachusetts Institute of Technology) e as universidades de Harvard e Princeton. Visitei então os “moderníssimos” centros de pesquisa destas universidades. Nosso colega, meu grande amigo, Georges Leonardos, já falecido neste ano que corre, estudou também metalurgia no MIT nesta década de 50 no Massachusetts Institute of Technology, e nos encontramos diversas vezes em busca de informação. Ao voltar criou o Centro de Pesquisas da CSN, que depois passou às mãos de Carlos Alberto Nolasco e seu assistente, Pascoal José Peixoto Bordignon, outro amigo que vai dar um depoimento sobre estas articulações, pesquisa na Usiminas, CSN, Belgo Mineira, Acesita, as siderúrgicas novas, e depois algumas empresas, como Villares fabricando cilindros de laminação e um grande grupo que começou a fornecer aço para os fabricantes de peças em São Paulo. Este último conjunto de fatos e episódios envolvendo os fabricantes de peças é muito interessante, todos verão isso adiante.

Fico imaginando o programa avançadíssimo deste centro, nas usinas das nossas grandes empresas siderúrgicas.

A British Society for the History of Science (BSHS), no exterior, fundada em 1947, é digna de maior atenção, lembrando que as chamadas revoluções filosóficas, científicas e industriais tiveram início naquele país.

Na linha do tempo da ascensão das ciências e da metalurgia no Brasil, pode causar algum espanto, mas D. João VI também teve um lugar de grande proeminência nesta questão. Veremos isso logo adiante, o efeito hoje observado no Brasil, muitas vezes tem emergido destes longos episódios. Não vamos esquecer D. João VI e Barão de Mauá, eles fizeram tudo que podiam, tal como nenhuma parede fica de pé sem o alicerce e as colunas de fortalecimento.
Getúlio Vargas, deixando de lado outras considerações em sua presidência, também deu o empurrão para que Macedo Soares impulsionasse a siderurgia pesada.

Nunca esquecida foi a vinda da Belgo Mineira, coroando os episódios dos guseiros do Brasil colonial e das pequenas aciarias, que começaram a funcionar no princípio do século XX, logo após a Proclamação da República.
Minha geração, digamos de 44/45 em diante, no fim da Segunda Guerra Mundial até 1960, teve a sorte de passar pelo conhecimento do que restava do passado – Bessemer, etc. – para o LD (conversor ou processo LD – Linz Donawitz, nome das duas cidades da Áustria onde foram utilizados primeiramente em 1952/3), daí talvez minha grande curiosidade em destrinchar toda esta história.

Nesta história, a ser desenvolvida em alguns capítulos, a grande questão será encaminhar o trabalho de tal forma que tenhamos vivo a nossa frente o panorama do crescimento da siderurgia, no mundo e no Brasil, o passado explicando o presente.

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