Após obter as primeiras 100 gramas de didímio metálico no país, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) deu mais um passo para a criação de uma cadeia produtiva de superímãs no Brasil. Uma nova parceria entre o Instituto e a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) visa a produção da liga didímio-ferro-boro, essência da constituição dos chamados ímãs permanentes, que têm aplicações em turbinas eólicas, carros elétricos e motores de alto de desempenho, como os utilizados em eletroeletrônicos.
O projeto, realizado no âmbito da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), tem duração prevista de um ano e terá um aporte de cerca de R$ 2,7 milhões, além de um investimento adicional de R$ 500 mil por parte da CBMM, para compra de um equipamento necessário ao resfriamento controlado e criação de microestruturas na liga.
“O que estamos desenvolvendo aqui é know-how, é capacitação para que o Brasil possa produzir esses ímãs. É um passo fundamental na cadeira produtiva e necessário para que, após estudos de viabilidade técnico-econômica, seja possível unir as empresas que produzem e as empresas que consomem os ímãs, na outra ponta da cadeia”, detalha João Batista Ferreira Neto, pesquisador do Laboratório de Processos Metalúrgicos do IPT.
Hoje, o Brasil conta com a segunda maior reserva de terras raras (elementos utilizados na produção do superímãs) do mundo, com 22 milhões de toneladas, atrás apenas da China, que possui 55 milhões de toneladas de reservas e domina 90% do mercado mundial. A ideia é que, com o domínio brasileiro da produção desses ímãs, grandes consumidores como a Europa, EUA e Japão tenham alternativas de fornecimento, quebrando o monopólio chinês.