Com a popularização do baseball aqui no Brasil, este parece ser momento oportuno para falarmos sobre tacos de baseball feitos de alumínio. Como este é um assunto bem amplo, vamos abordar de uma forma geral.
O que se tem de história documentada acerca do taco de baseball remete a uma partida deste esporte disputada há muito tempo, em 19 de junho de 1846, em Hoboken (Nova Jérsei, EUA). Foi o primeiro usado usando as regras de Alexander Cartwright, o inventor do baseball. Naquela época, os jogadores faziam seus próprios tacos, o que resultava em vários formatos e tamanhos diferentes. Após várias tentativas e erros, constatou-se que tacos de formato cilíndrico funcionavam melhor, e eram feitos com madeiras dos cabeçalhos de carroças.
Em 1859, o Comitê Diretor do Associação Nacional dos Jogadores de Baseball (EUA) impôs a primeira restrição de tamanho do taco, sendo de 2,5 polegadas (6,35 cm) de diâmetro. Dez anos depois, o comprimento dos tacos foi limitado a 42 polegadas (106,68 cm), o que ainda está no livro de regras de hoje. O diâmetro, no entanto, foi aumentado para 2,75 polegadas (6,98 cm) em 1895. Muitos outros desenvolvimentos nos tacos de madeira ocorreram ao longo dos anos que antecederam a introdução dos tacos de alumínio.
Embora a Easton (fabricante de materiais esportivos) tenha introduzido tacos de alumínio em 1970, a NCAA (National Collegiate Athletic Association – Entidade máxima dos esportes universitários nos EUA) não os sancionou até 1974. Hoje, a fabricante Louisville Slugger produz mais de 1 milhão de tacos de alumínio por ano. A diferença básica entre madeira e alumínio é a durabilidade e o peso. Os tacos de alumínio podem ser mais leves do que a madeira, pois há tecnologia de distribuição de peso permitindo uma velocidade maior. Algumas fontes dizem que as bolas viajam mais longe com alumínio, e alguns dizem que os tacos de madeira ganham maior distância.
A confecção de um bastão de alumínio começa com o corte dos tubos em seus devidos comprimentos, enviados do fabricante de alumínio. A espessura da parede e o tratamento térmico afetam a quantidade de deformação elástica que o taco experimentará durante o impacto. Os bastões de alto desempenho de hoje geralmente variam de 0,5-0,75 polegadas (1,27 – 1,90 cm) de espessura. Enquanto a química de liga do taco comum (C405) permaneceu a mesma desde a sua introdução há mais de uma década, o tratamento térmico melhorou, resultando em um taco mais resistente.
Embora o processamento detalhado seja particular, o tubo é colocado em um mandril cônico e inserido através de um molde. Isso faz com que a parede do taco se encolha. O metal é então recozido e movido para o processo de estofamento. Duas matrizes opostas rodam em torno do taco em alta velocidade, moldando-o e reduzindo seu diâmetro para o tamanho apropriado. O taco é então limpo e tratado termicamente. O processo térmico final de alta temperatura é a soldagem dos seguradores na extremidade de aperto. Os tacos são finalizados com polimento, anodização e serigrafados.
O desenvolvimento do taco de alumínio centrou-se em melhorias de tratamento térmico e adições de ligas. Uma adição de escândio – um metal raro, caro e leve – resultou em uma melhoria de força de cerca de 10% em relação ao C405. Isto ocorre como resultado da precipitação de Al3Sc, o que também aumenta a soldabilidade.
Uma discussão sobre tacos de alumínio não estaria completa sem mencionar a controvérsia a respeito da segurança. Em resumo, muitas pessoas são entusiastas de que os bastões de alumínio sejam abolidos. Alguns acreditam que devem ser eliminados apenas para os jogadores mais jovens, mas os tacos de alumínio beneficiam mais os jogadores mais jovens porque eles podem move-los com mais facilidade. A preocupação é que as bolas saem mais rápidas após rebatidas por um taco de alumínio do que por um de madeira, o que pode ferir um jogador, particularmente um lançador de bolas. É interessante, no entanto, que muitos acreditem que o taco de alumínio seja mais seguro, uma vez que os tacos de madeira podem quebrar/esmerilar.
O marketing dos próprios tacos de alumínio e os desenvolvimentos tecnológicos do último quarto de século levariam qualquer um a concluir que os golpes desses tacos de metal são mais pesados e rápidos. Por esta razão, os opositores dos tacos de alumínio acreditam que as crianças mais jovens não devem usá-los. Então, basicamente, as crianças que precisam do taco mais leve seriam forçadas a usar bastões mais pesados. Enquanto isso, continuamos a permitir que as crianças mais velhas com swings (movimentos com o taco) mais desenvolvidos usem os tacos de alumínio, gerando rebatidas mais poderosas com maior potencial de lesão. Isso soa retrógrado.
A evidência de lesão parece não ser conclusiva. Um estudo da Consumer Product Safety Commission (Comissão para Segurança do Produto ao Consumidor) sobre fatalidades entre 1991 e 2001 informou que 17 jogadores foram mortos ao ser atingidos por bolas – oito por tacos de metal e nove de madeira. Uma vez que os tacos de alumínio são usados principalmente para as idades mais jovens, é bastante provável que a porcentagem que um número de tacos utilizados (para alumínio) seja ainda menor do que o número absoluto indicaria.
Vemos como o tratamento térmico desenvolve um papel fundamental também no desenvolvimento não só dos tacos, mas também no desenvolvimento do esporte em si.
Sugestão de leitura:
-> Veja como foi produzida uma linda guitarra de alumínio.
-> Veja como o tratamento térmico está envolvido na construção de vitrais.