Sem o tratamento térmico, muitos dos produtos que usamos diariamente, e consideramos seguros, teriam de ser concebidos de forma diferente ou não funcionariam de forma tão eficaz. Um destes produtos é o fecho do cinto de segurança de automóveis. Antes de entrar em alguns detalhes desta peça, no entanto, vamos olhar para a história e os benefícios desses itens de segurança.
Os cintos de segurança foram inventados por George Cayley no final do século 19. Eles só foram se tornar comuns em aviões na década de 1930, apesar de terem sido introduzidos em algum momento antes. Nos anos 1920 e 1930, um grupo de físicos equipou seus próprios carros com cintos de segurança e começaram a incitar os fabricantes a instalá-los em todos os carros novos. Por 20 ou 30 anos este aviso foi ignorado, até 1954, quando o Sports Car Club of America (entidade que dá suporte às corridas de veículos motorizados) começou a exigir que os pilotos usassem cintos de segurança. A Ford e a Chrysler passaram a oferecer cintos de segurança como equipamento opcional nos assentos dianteiros dos modelos de 1956. Em 1958, no entanto, Saab foi o primeiro fabricante a introduzir cinto de segurança como equipamento padrão.
Em 1963, a Volvo foi a primeira a introduzir o cinto de três pontos como padrão para os assentos dianteiros. Em 1965, todos os fabricantes de automóveis dos EUA já instalavam cintos de segurança nos bancos dianteiros, e em 1968 os cintos de segurança tornaram-se equipamento padrão também para os bancos traseiros. Os primeiros assentos de carro para crianças – muito diferentes dos de hoje – foram inventados em 1921, após a introdução do Modelo T. Em 1978, o Tennessee foi o primeiro estado americano a exigir o uso do assento de segurança para crianças. Os benefícios dos cintos de segurança como um salva-vidas são indiscutíveis. Usando 1966 como o início do estudo, a taxa de mortalidade por acidentes de automóveis foi de 5,5 por 100 milhões de quilômetros percorridos. Trinta e cinco anos depois, a taxa de mortalidade caiu para 1,5. Nesse mesmo período, o número de mortes caiu 18%, enquanto o número de veículos na estrada mais do que duplicou e o número de motoristas quase dobrou. A NHTSA (National Highway Traffic Safety Administration – Administração Nacional de Segurança no Tráfego Rodoviário) estima que os cintos de segurança dianteiros salvaram 11.900 vidas em 2000, e o uso dessas proteções melhora a chance de sobrevivência em até 50%. Uma das razões para a diminuição da taxa de mortalidade é o aumento do uso do cinto de segurança ao longo do tempo. Em 1994, a média de uso em todos os EUA foi de 58%. Isto aumentou para 81% em 2005.
Como muitos componentes na indústria automotiva, a parte metálica do cinto de segurança é fabricado por uma empresa contratada para o OEM (Original Equipment Manufacturer – Equipamento Original Manufaturado) que normalmente envia as peças metálicas que requerem tratamento térmico a uma empresa comercial. Uma foto da parte metálica da fivela é mostrada nesta página. Este equipamento é feito de aço carbono 1050 e as peças são endurecidas por meio de têmpera e revenimento para se atingir a dureza ideal. Esta operação é realizada em fornos contínuos e uma atmosfera endotérmica é gerada, a qual é neutra para o carbono e o material da fivela. Após a têmpera em óleo, a peça é lavada e subsequentemente revestida com um revestimento de níquel-cromo. Dependendo da aplicação, uma parte da peça pode ser revestida com plástico.
É surpreendente a quantidade de itens como estes que são produzidos. Em uma única empresa de tratamento térmico de Ohio, nos EUA, cerca de 100 mil dessas “fivelas” são tratadas termicamente a cada mês. Ou seja, são mais de um milhão de peças por ano. Acredita-se que esta aplicação específica é limitada principalmente para assentos de carro para crianças e embutidos para minivans e usos semelhantes. Se considerarmos o tratamento térmico em todo o mundo destas peças metálicas para todos os fabricantes de automóveis, muitos tratadores térmicos estariam envolvidos.
Felizmente, esta coluna nos mostrou mais uma forma na qual o tratamento térmico melhora as coisas que usamos no nosso dia-a-dia e nos mantém mais seguros. Nossa esperança também é de que você tenha sido presenteado com estatísticas preocupantes que irão incentivá-lo a usar o cinto de segurança – sua vida pode depender disso.