Muito frequentemente, expressões como “Classe I/ Divisão 2” ou “Classe II/ Grupo E” perturbam as mentes de fabricantes e usuários de aquecedores industriais. Fornos utilizam combustíveis, e o combustível cria um risco de fogo e explosão.
Fornos também possuem chamas, e as chamas podem acender os combustíveis.
Por que todas as áreas com processos de alta temperatura não são definidas como áreas “perigosas-classificadas”?
A melhor maneira de considerar a classificação das áreas perigosas é que essa é uma ferramenta para proteção contra explosão aplicável para uma configuração do tetraedro do fogo–ignição. Se um meio está no mínimo um tanto adequado para conter a perigosa combinação de (a) combustível disperso, (b) oxigênio e (d) a possibilidade de iminentes reações em cadeia, então algumas ações deveriam ser tomadas para eliminar ou minimizar (c) as fontes de ignição nessas áreas. Uma conclusão comum é que a classificação da área (e o uso de dispositivos elétricos à prova de explosão) fornece a “solução definitiva” para prevenção de explosões, mas esse é um paradigma errôneo.
Sinais Conhecidos do Combustível
A proposta para designar uma área “perigosa-classificada” é porque há um indício conhecido de gás combustível ou vapor combustível nessa área (Divisão 1 – alto indício; Divisão 2 baixo, mas limitado indício). Adequadamente, ações deveriam ser tomadas para reduzir os indícios de uma fonte de ignição simultaneamente presente com a liberação do combustível.
De um lado da moeda, onde é impossível a prevenção total, a liberação do gás combustível ou vapor inflamável dentro de uma área (vamos chamá-la de área de “combustível inevitável”), fontes de ignição devem ser eliminadas pela classificação de área. Isso é geralmente realizado pela (a) modificação de dispositivos elétricos para não incendiáveis (incapazes de causar ignição), (b) dispositivos blindados para contato com vapores de gás liberados ou (c) retirada completa de equipamentos dessa área.
Do outro lado da moeda, onde é impossível eliminar completamente ou blindar fontes de ignição nessa área (vamos chamar de área de ignição inevitável), a classificação de área não pode ser usada como uma solução porque as fontes de ignição não podem ser movidas ou alteradas. Ao invés disso, essas áreas devem ser designadas como “não classificadas”, e ações devem ser tomadas para prevenir ou minimizar os indícios de liberação inesperada de gás combustível.
Definir e Equipar
Os dois passos requeridos para implementar efetivamente uma estratégia de classificação de área perigosa são definir e equipar.
A norma NFPA 497, da Associação Nacional de Proteção ao Fogo dos EUA, que recomenda práticas para a classificação de líquidos inflamáveis, gases e vapores, e a norma NFPA 499, utilizada para vapores combustíveis em suspensão, fornecem instruções para instalações que são impreterivelmente consideradas ou não ou áreas que deveriam ser designadas como perigosas-classificadas e, nesse caso, como definir seus limites.
A norma NFPA 70, Artigo 500, que trata de equipamentos elétricos instalados em áreas perigosas-classificadas, indica técnicas para reduzir a ignição e fornece projetos e requerimentos de performance para o equipamento listado que é instalado nas áreas perigosas-classificadas.
Interior dos Fornos
Um ponto que é pouco divulgado, mas geralmente questionado, é se o interior do queimador deveria ser definido como uma área perigosa-classificada. De fato, a pergunta correta sobre o interior do queimador não é se ele “deveria”, mas “poderia” ser definido como perigoso-classificado, e a resposta é definitivamente NÃO.
Sendo que o interior de um queimador possui potencialmente várias fontes principais de ignição (chamas, gases, faíscas, superfície quentes, etc.) não há como defini-lo como perigoso-classificado porque essa classificação é uma técnica utilizada para eliminar as fontes de ignição. Com o objetivo de prevenir explosões nos fornos, precauções para a liberação de combustível (válvulas corta-fogo de segurança redundante, purgadores, ventilação, teste para ignição, etc.) devem ser tomadas, conforme requerido pela norma NFPA 86
Na próxima edição, a aplicabilidade da classificação das áreas exteriores ao forno será analisada no contexto das Classes A, B, C, e D.