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(1398–1468) Johannes Gutenberg
O conhecido inventorgráfico alemão, pai da imprensa, tornou a divulgação de trabalhos de toda a sorte de assuntos, literários ou práticos, um veículo de informação, fatos bastante conhecidos.
Não foi à toa, portanto, que o primeiro livro sobre a fabricação do ferro, “De Re Metallica”, foi escrito por Georgius Agricola (1494-1555), um médico saxão do século XVI, bom desenhista, e com esta arte descreveu pictoricamente as operações das minas e sem particular o que se poderia chamar de base da arte da metalurgia na sua época. Ele era medico e atendia os operários que trabalhavam na Alemanha na fabricação do ferro, e na prospecção de vários minerais. Nas horas suas horas vagas ele desenhou todas as operações destes trabalhos. E com seu livro espalhou este conhecimento na Europa. Portugal já tinha seus mineradores, e certamente estas ocorrências fizeram com que nossos primeiros pesquisadores já houvessem trazido estas artes consigo.
1500/1808 – Os primeiros séculos do Brasil Colonial e o crescimento do uso do ferro pelos Colonos
Esta história é longa. Suas raízes históricas de uma produção incipiente de ferro-gusa, em zonas onde o minério de ferro fosse um tanto improprio, mas tudo parte assim aos poucos, o fato é que deu lugar à busca de jazidas.
Na segunda metade do século XVIII, esta produção já era muito mais visível, tendo em vista a obtenção de ferro, em razoável quantidade, de jazidas mais fáceis de serem reconhecidas, por exemplo, em Minas Gerais, nas imediações onde cresceram as cidades perto dos locais onde está Belo Horizonte, perto de Itabirito, até a área onde estão localizadas as cidades de Monlevade, Gorceix, e uma dezena a mais, cujos nomes vieram de grandes fabricantes de “gusa”. Isso assim funcionou por muito tempo, e muitas destas minas ganharam dimensões impensáveis. Fora isso, outras zonas de produção de ferro também existiam. Hoje Carajás merece uma citação a parte.
Quem derrubou esta crença de que os Colonos estavam inermes foi Roberto C. Simonsen, com sua “História Econômica do Brasil (1500/1820) – Edição 1964”.
Ali está compilada a saga silenciosa dos Colonos Brasileiros, produzindo utensílios de ferro – panelas – em enorme quantidade. Muito sabiamente, durante 3 séculos naquela imensa Colônia, os colonos bipassaram os Governadores, que só cuidavam da remessa de ouro para Portugal. Somente lendo esta obra veremos que Simonsen nos dirá como os Colonos deixaram uma história econômica que merece ser lida, com o detalhe de que Simonsen não teceu paginas com sua imaginação, mas com provas concretas de que os Colonos – em toda a Colônia – realizaram uma economia “discreta”, com um método de escambo muito organizado, nas lonjuras onde os diversos Governadores estavam informados de que lá não havia ouro.
Um exemplo disso foi o fornecimento de charque, em grande escala, proveniente do Rio Grane do Sul, para alimentar os escravos em Minas Gerais – aos milhares -e um de seus maiores fornecedores foi o imbatível Visconde de Mauá (1813-1889), tudo isso descritopor, minuciosamente foi (Edmundo) Macedo Soares, (1901-1989)com sua obra “”O Ferro na História e na Economia do Brasil” Editado em 1972.
Quem consultar estas obras encontrará a história destes procedimentos silenciosos, e com isso captará a importância que teve o entrosamento de D. João VI com nossos colonos, a partir de 1808, prontos para se alinhar com o Monarca.
1900 – As primeiras tentativas mais fortes de produção de aço no Brasil
O aço foi fabricado e patenteado, pela primeira vez, em 1856, por Henry Bessemer (1813 –1898) engenheiro metalurgista e inventor nascido no Reino Unido Inglês.
No Brasil já havia uma importação de aço que já estava em prática desde as instalações das estradas de ferro de Mauá. Então, no princípio do século XX, duas Usinas de maior porte estavam em cogitação, para a fabricação de Aço. Mas, a Europa estava agitada, então aqueles dois projetos foram deixados de lado, devido a incertezas, ou seja: Ir avante com os dois projetos, ou continuar a importar aço?
1922 – A inauguração da Cia. Siderúrgica Belgo Mineira em Minas Gerais
A 1ª. Guerra Mundial ocorreu entre 1914 e 1918. Então, quem diria? Caindo a importação, estes fatos simplesmente deram um bom empurrão para fazer crescer a fabricação de aço no Brasil.
Em 1922, fruto destes efeitos da Guerra, a produção de aço havia crescido, sem que existissem maiores planos. Mais uma vez surgiu algo importante para o avanço da Siderurgia Brasileira. Havia nisso certo dinamismo.
Um fato muito positivo serviu de bandeira para que este movimento crescesse exponencialmente, que foi a inauguração – em 1922 – da Cia. Siderúrgica Belgo Mineira em Minas Gerais, um empreendimento que fez com que as coisas andassem rapidamente. Nesta altura o crescimento da produção de aço só crescia, e o melhor, com a fabricação de aços especiais
1939 – A 2ª. Guerra Mundial
No final da 2ª. Guerra Mundial a Belgo Mineira e as demais empresas que surgiram neste interim, após 1945 ganharam mais um empurrão. Com as usinas de aço alemãs devastadas, mais ainda as que existiam em países conquistados pelos alemães, o plano Marshall trouxe para a Europa um longo período de bonança e de total recuperação da sua Indústria. Ironicamente, os Estados Unidos, que não haviam sofrido ataques em seu território, em termos, constatou que suas usinas estavam semi-obsoletas.
Na Europa, saíram da gaveta centenas de inovações, e isso teria uma grande repercussão. O fato foi que as usinas de menor porte no Brasil haviam proliferado bastante, tanto as que fabricavam vergalhões, como algumas outras, que ensaiavam a fabricação de aços especiais.
O que significou iniciar esta Coluna no passado, com esta base inicial? Precisávamos sim, mostrar que havia novos avanços do nosso setor siderúrgico, desde 1914 até 1945. Mas não havia ainda, no nosso País, um mercado de vulto para ser alimentado para uma Siderurgia pesada.
Provando isso a CSN Companhia Siderúrgica Nacional foi inaugurada em 1946, adquirindo equipamentos de grande porte da USS United States Steel Co. A caminho do Brasil, navios mercantes traziam muitos equipamentos, mas se perderam no mar, torpedeados por submarinos alemães que pululavam em nossos mares, até o fim daquele conflito, em 30/04/1945.
19460 – plano Marshall (European Recovery Program ERP)
Esta foi uma iniciativa Americana ditada pelo raciocínio de que a Europa estava totalmente devastada, após o final da 2ª. Guerra Mundial. Esta instabilidade poderia ter consequências negativas, para um mundo que ainda que ainda mal despertara daquele inferno, e procurava abrir novos horizontes.
Cerca de US$160 bilhões deram um impulso generalizado, o que de fato recuperou a Europa, e possibilitou que países, mundo a fora – Brasil e outros países emergentes – entraram nesta onda indiretamente com a oferta de usinas de aço inteiras, desta vez já com novos processos metalúrgicos de ponta, pudessem ser adquiridas.
A partir destes eventos, a aceleração da implantação da Siderurgia de maior porte no Brasil
Esta Coluna forneceu um background razoavelmente capaz de mostrar como o Brasil chegou a um estágio em que muitas usinas brasileiras adaptavam suas usinas aosnovos tempos, lembrando que estávamos finalmente chegando ao mesmo nível do início da fabricação de aço por Bessemer em 1856. Por exemplo, citamos, a partir da década de 50 em diante, as seguintes: A Acesita, meu primeiro emprego, já fabricava aços especiais com um convertedor Bessemer de 12 T/sopro/corrida, desde1945, e dois fornos elétricos de refino para a fabricação de aços especiais, e reformou totalmente sua Usina de Aços Especiais. A Belgo Mineira, Gerdau, Villares, e um bom conjunto a mais destas empresas, de pequeno porte, produziam aços comuns e especiais. Chegamos também finalmente à siderurgia pesada do mundo exterior, e surgiram as Usinas de Volta Redonda, Usiminas, Cosipa e CST.
Minha geração estava colhendo mais conhecimento. A geração seguinte já estava mais adiantada, e depois, mais uma ou duas trocas de gerações se apoiaram pelo mesmo aumento do Conhecimento, até hoje. É desta evolução que vamos falar nesta série.
Pensando alto, a geração atual de siderurgistas está no auge desta marcha. Conhecer o passado abre melhor o palco do Futuro.