Para os sinterizadores e tratadores térmicos, são de extrema importância os requisitos técnicos impostos pelo Inovar-Auto que forçarão as montadoras a incluir nos veículos tecnologias que aumentam o conteúdo de peças sinterizadas. Além disto, muitas destas peças demandam tratamento térmico.
De acordo com a consultoria de mercado IHS [1], os novos carros compactos serão os responsáveis pelo aumento de demanda de motores abaixo de 2.0L e, do ponto de vista de tecnologias aplicadas nestes, os variadores de fase dos eixos de comando de válvula (VVT) e sistemas Start/Stop terão o maior volume de uso até 2017. Vide Fig. 1.
Sistemas VVT podem utilizar até 6 componentes sinterizados dependendo do conceito do projeto (variação de fase na aspiração e exaustão, por exemplo), dos quais pelo menos 4 são tratados termicamente (Fig.2).
Já no caso do Start/Stop (Fig. 3), temos potencial de uso nos pinhões de motor de partida, núcleos de alternadores e conversão do estator, atualmente fabricado com chapas estampadas para componentes sinterizados fabricados com ferro microencapsulado (SMC – Soft Magnetic Composite).
Embora o mercado esteja dando sinais de retração neste ano, estima-se que até 2017 teremos uma adição de cerca de 3.5 milhões de motores com sistemas VVT e 1.5 milhão com Start/Stop para produção local de veículos e exportação, o que significa um potencial de fabricação acima de 20 milhões de componentes sinterizados. Deste total de componentes, cerca de 8 milhões serão tratados termicamente. Estes são alguns exemplos de como a indústria de sinterizados pode se beneficiar das oportunidades promovidas pelo Inovar-Auto.
Dentro desta situação, nota-se a necessidade de orientações e aprendizados para nos direcionar ao melhor caminho da criação para investirmos precisamente nas melhores formas, sendo elas a valorização do pesquisador e priorização dos laboratórios, e não criar uma estrutura medíocre e ineficiente dentro deste campo. Neste sentido, este amplo debate deve ser entendido como um fator importante nas decisões estratégicas nos diversos meios, nos quais o futuro de nosso país e as gerações de pesquisadores precisam ser alinhados, para que esta discussão seja interpretada como uma grande oportunidade brasileira para as futuras gerações de pesquisadores, focados nas aplicações práticas e que poderão desfrutar de um ambiente favorável de P&D e, assim, dar ao nosso país uma posição de destaque no futuro.
No sentido de situar nossos leitores quanto às tendências brasileiras, as empresas do setor automotivo começaram a seguir três nítidas estratégias: a primeira, o investimento dentro de sua casa, privilegiando equipamentos e laboratórios; a segunda, um investimento laboratorial fora de casa, em instituições; e a terceira, mais comum, a compra de P&D no sentido de alocar recursos financeiros para converter em tecnologias novas nos projetos desenvolvidos por universidades e institutos.
Em vista das trajetórias traçadas anteriormente, podemos entender uma parte importante das ações que estão atuando de forma estratégica e política neste campo em nosso país e, assim, poder explorar de perto os diferentes segmentos de P&D, os quais devo tratar nas próximas edições da IH.
Referências
[1] IHS AUTOMOTIVE, “Brazilian Overview”, OCT-2013, Trabalho encomendado pela Metaldyne.
[2] PALLINI, Marco A. T., “A importância do planejamento estratégico para a competitividade de uma empresa. Estudo de caso: lançamento de componentes para variadores de fase de eixos de comando de válvulas (VVT)”, Dissertação de MBA, INPG, 2013.
[3] Figura extraída do site www.bolido.com, consultado no dia 19/ABR/2014.