Cadê o mercado?

O tema é recorrente, mas não me canso de falar dele. Ou de falar da ausência dele.  Refiro-me à  falta de investimento (e de mercado) em nosso setor de forjarias no Brasil. No editorial da última edição da FORGE eu chamava a atenção dos leitores para as notícias que publicamos, vindas do exterior. São, muitas vezes, tão fantásticas que nós aqui no Brasil só podemos sonhar com elas. Nesta edição não é diferente. Vejam alguns títulos: Alcoa anuncia contratos com a Boeing no valor de US $ 2,5 bilhões; Otto Fuchs encomenda prensa de forja de matriz fechada com 60.000 t de força de fechamento à SMS; Alcoa assina contrato de US $ 1,5 bilhão com GE Aviation.

Como dito acima, notícias para a indústria brasileira sonhar. Temos indústria, capacidade de gestão, 200 milhões de possíveis consumidores. O que falta, então? Recordo-me que no final do ano passado tivemos a oportunidade de comentar esse tema em uma roda de participantes do III Seminário do Forjamento, realizado no IPT, em São Paulo. Várias observações foram emitidas pelos presentes, que até me fizeram considerar a possibilidade de na IV edição do seminário, a se realizar em novembro próximo, tratarmos desse tema em painel no final do evento. Mas uma observação foi contundente ao ser lembrado o crescimento vertiginoso do mercado brasileiro de equipamentos para a tecnologia de geração de energia eólica, e a forjaria brasileira está contribuindo de forma especial com isso. Veja um caso prático ainda neste editorial.

Nós continuamos firmes em nosso propósito de oferecer aos leitores brasileiros artigos de primeira qualidade dedicados ao mercado da forjaria. Como, por exemplo, o artigo de capa, que apresenta o estado da arte em equipamentos de conformação de anéis. Interessante notar que toda a força empregada para esta laminação, podemos chamar assim, não é hidráulica, como seria de se supor. Mas sim elétrica. Como diz o artigo, “engenheiros desenvolveram um sistema propulsor capaz de realizar movimentos controlados em incrementos de 0,01mm…”. Não deixe de ler.

“Temos indústria, capacidade de gestão, 200 milhões de possíveis consumidores. O que falta, então?”

Outro artigo contempla o desenvolvimento de mecanismos de fechamento para a forja com matriz fechada sem rebarbas. Finaliza mostrando a redução substancial de rebarbas com a utilização deste novo conceito, de 54% para menos de 10%. Obtido através da eliminação de rebarbas durante o pré-forjamento. Um desenvolvimento do Instituto para Produção Integrada de Hannover, da Alemanha.

Voltando ao assunto que comentei anteriormente, sobre a energia eólica, recomendo a leitura do artigo do pessoal da UFRGS, capitaneado por Lirio Schaeffer. Análise das deformações e tensões na confecção de eixos vazados, forjados em matriz aberta. Eixos usados em aerogeradores.  Escrito por Fábio Junkes Correa e Lirio Schaeffer. Que também assina outro artigo, desta vez em conjunto com Alberto Brito, também da UFRGS: Condições da deformabilidade/forjabilidade dos metais.

Por último (ainda na parte dos artigos), recomendo a leitura do artigo escrito por Collin Russel, da Inductoheat: Redução dos custos operacionais com o consumo de energia no aquecimento por indução. Assunto mais que atual nos dias de hoje, em que a redução de energia é um must.

No campo dos colunistas, duas matérias imperdíveis: Alexandre Rocha expondo o processo de aspersão térmica oxicombustível em matrizes de forjamento a quente, e Henri Strasser, quem não o conhece, trazendo a parte 5 do seu excelente Lubrificante de Matrizes. Área em que é expert.

Tenha uma boa leitura

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