Comemorado em 8 de Julho, o Dia Nacional da Ciência foi instituído pelo Congresso Nacional para incentivar a atividade científica no país. Em Março deste ano, o Brasil foi notícia no mundo todo por uma pesquisa elaborada pela editora de artigos científicos, a Elsevier, que revelou um aumento de 11% da participação feminina na produção científica brasileira, tornando-se líder global em igualdade de gênero nas ciências.
O estudo “Gender in the Global Research Landscape” analisou um período de vinte anos, de 1996 a 2015, comparando doze países, entre eles grandes potências como Estados Unidos, Japão e Reino Unido. Os critérios usados foram quantidade de artigos em publicações científicas e citações de pesquisadoras mulheres.
Dos artigos publicados no período analisado, em média 40% eram de autoria feminina. No Brasil, o número alcançou 49%, evidenciando a paridade de gênero. Só entre 2011 e 2015, isso equivale a 153.967 artigos escritos por mulheres contabilizados no país.
O índice também surpreendeu no quesito inventos. Em vinte anos, o número de mulheres cientistas que inventaram algo cresceu de 11% para 17%, em comparação com homens inventores, que ainda representa a maioria. Atualmente, o número supera até o resultado de países como os da União Europeia, que chegaram a 12% de inventoras.
Ainda existem, como apontam dados do governo brasileiro, obstáculos para que as pesquisadoras consigam bons postos de trabalho, remuneração compatível e oportunidades no meio acadêmico.
As informações foram tiradas de: https://www.estudarfora.org.br/brasil-mulheres-cientistas/
Conquista inspiradora no universo da conformação mecânica
As madeixas curtas da cor do fogo revelam a personalidade forte da pesquisadora, engenheira, mestre, doutoranda e integrante do corpo do Laboratório do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Acima de toda essa formação que compõe seu currículo, Ana Paola Villalva Braga é, em período integral, mulher, esposa e mãe.
A pesquisadora ressalta que não se orgulha de alguns clichês, como ser brasileira, mulher, branca, ou heterossexual, pois tais características não vieram de escolhas nem de lutas. O que a enche de orgulho de si foi ter conquistado tanto, mesmo em meio às adversidades que uma mulher enfrenta em um ambiente onde a predominância é masculina. Formou-se entre os melhores alunos do curso de Engenharia de Materiais da Escola Politécnica da USP e, desde então, vem construindo uma carreira sólida neste universo onde os homens (gênero) ainda são a maioria.
Conseguiu uma vaga no quadro de pesquisadores do IPT, um dos mais importantes do continente. “Luto até hoje para continuar crescendo em minha profissão, que me traz tanto aprendizado e a oportunidade de estudar e trabalhar com a área da metalurgia que eu mais gosto, a Conformação Mecânica”, afirma Paola.
Outra conquista veio quando defendia sua tese de mestrado na Poli, carregando na barriga sua primeira filha. Mesmo ausentando-se por um período para vivenciar a maternidade, o amor pela ciência a movia, e com isso mergulhou em um projeto pelo qual trabalhou, em suas palavras, “até a última gota”.
Os frutos do suor derramado transformaram-se em equipamentos, desenvolvimentos e aprendizados sobre ferramentas de conformação mecânica a quente e seus modos de desgaste. Mas, como dissemos no enunciado, Paola é mulher, esposa e mãe, e engana-se quem acha que sua rotina está restrita aos laboratórios, tanto que no meio a equipamentos, desenvolvimentos e ferramentas teve seu segundo filho, aumentando a família.
Apesar de caminhos árduos, a esperança de representar e contribuir com o grupo de mulheres, brasileiras, acadêmicas e pesquisadoras a ajudou na tarefa de “matar um leão por dia para continuar em pé”. Paola é a representação das conquistas do passado e do presente e, claro, do futuro almejado: mais mulheres na ciência e em todos os lugares em que queiram estar sendo o que quiserem ser. Sempre.