Na coluna anterior, alguns fundamentos de áreas classificadas foram considerados. Nós mostramos que uma área de “combustível inevitável” (por exemplo, um tanque de mergulho aberto contendo um líquido orgânico volátil) poderia se beneficiar de classificação como zona classificada, mas uma área de “ignição inevitável” (por exemplo, o interior de um forno) deve ser designada como não classificada. Esta coluna estende a discussão para as áreas exteriores aos fornos de alta temperatura.
Exteriores dos Fornos
Ao contrário do interior de uma câmara de combustão, a área fora de um forno poderia ser designada como classificada sob algumas circunstâncias. Se há uma probabilidade não desprezível de gás combustível ou vapores orgânicos se desprenderem para a área, então a instalação de gabinetes à prova de explosão ou expurgados eletricamente podem aumentar a segurança para alguns tipos de fornos, como discutido abaixo.
De acordo com a NFPA 497 (Associação Nacional de Proteção ao Fogo, dos EUA), o exterior da maioria dos fornos não deve ser designado Classe I, Divisão 1, porque as condições “normais” não envolvem lançamento de gás combustível ou vapores orgânicos. Aqui, “normal” inclui lançamentos de rotina de combustível, quer devido à manutenção normal ou às operações normais.
Por outro lado, alguns exteriores de fornos podem ser designados de Classe I, Divisão 2, se liberação de gás combustível ou vapores orgânicos é possível em circunstâncias “anormais” (por exemplo, vazamentos ou respiros infrequentes). Aqui, “anormal” exclui grandes catástrofes, mas pode incluir vazamentos em juntas ou gaxetas de vedação. Quando adequadamente projetadas, instaladas, inspecionadas e reparadas, tubulações de aço com conexões flangeadas ou roscadas não representam um alto risco de fugas. O Código Nacional de Gás Combustível (National Fuel Gas Code – NFPA 54) e o Código ASME (Sociedade dos Engenheiros Mecânicos dos Estados Unidos) para tubulação de pressão (B31) estabelecem os requisitos de instalação e manutenção de tais componentes de dutos em fornos.
Fontes de Ignição
Se o exterior do sistema de combustão apresenta algumas superfícies que estejam rotineiramente “quentes”, os limites para as áreas classificadas devem excluir tais superfícies quentes. A ignição em superfície quente é um fenômeno complexo e, sob algumas circunstâncias, superfícies acima de 540°C não vão efetivamente inflamar uma mistura de gás e ar. Na ausência de informações específicas sobre compostos em particular, superfícies acima de 180°C podem ser consideradas conservadoramente quentes o suficiente para inflamar gases e vapores orgânicos no ar.
Da mesma forma, se o invólucro do sistema de combustão não for “estanque” (por exemplo, chamas ou gases quentes do interior podem escapar ou vapores de combustível de fora podem entrar), fontes potenciais de gás combustível devem estar localizadas suficientemente longe destas aberturas, de modo que a área classificada termine antes do começo da abertura.
Fornos Classe A, B, C e D
Muitos fornos aquecidos eletricamente ou a gás são construídos com invólucros estanques e superfícies exteriores frias (por exemplo, fornos a vácuo de Classe-D). As áreas circundantes destes sistemas podem ser designadas ou Classe I, Divisão 2 ou não classificadas, dependendo da frequência com que as conexões do vaso ou dos dutos são soltos e o selo rompido. Cada vez que um selo é quebrado, a liberação de gás inflamável é possível, e componentes elétricos que não são classificados para serviços Classe I, Divisão 2 devem ser desenergizados. O ambiente deve ser inspecionado para concentrações perigosas de gases orgânicos antes de reenergizar componentes elétricos não classificados.
Por outro lado, alguns sistemas de aquecimento industrial não são construídos com invólucros estanques (por exemplo, fornos ou oxidantes térmicos de Classe-A com juntas não seladas) e outros sistemas apresentam fontes de ignição contínuas (por exemplo, fornos de atmosfera de Classe-C com cortinas de chamas ou fornos de Classe-B com frequente abertura de portas). Cuidados devem ser tomados para impedir a liberação de todos os gases inflamáveis nas proximidades de tais sistemas de aquecimento de “ignição inevitável” para minimizar o risco de explosão.
A instalação de componentes elétricos de Classe I em áreas de ignição inevitável muitas vezes é inútil, porque as áreas não podem ser designadas como classificadas devido à presença constante de fontes de ignição. Nessas áreas, isolamento, separação e ventilação devem ser empregados para evitar que gases e vapores de combustível migrem para áreas de ignição inevitável.
Os leitores devem estar cientes de exceções destes exemplos (por exemplo, um forno de Classe-C, que é capaz de liberar em sequencia gases inflamáveis e expor uma chama piloto), onde componentes elétricos de Classe-I, Divisão-1 podem ser garantidos. Como em todos os sistemas mecânicos e de combustão, bom senso técnico deve ser empregado para garantir que os riscos reais sejam mitigados de forma adequada com controles razoáveis.