As exportações de sucata de ferro e aço, matéria-prima utilizada na produção de aço pelas usinas siderúrgicas, se mantêm em ritmo forte neste ano, em função principalmente da retração no mercado interno, que deve se intensificar nos próximos meses. Em abril, conforme os últimos dados disponíveis da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as vendas externas atingiram 53,1 mil toneladas, com receita de U$ 11 milhões. O aumento foi de 16% em relação ao mesmo mês de 2019 (45,8 mil toneladas).
Nos primeiros quatro meses do ano, já foram exportadas 264,5 mil toneladas de sucata de ferro e aço, recorde histórico do setor, um crescimento de 120% em comparação a janeiro a abril de 2019, com 119,8 mil toneladas. A retração da demanda interna pela sucata se deve à queda no consumo de aço com a paralisação da economia. Conforme informou recentemente o Instituto Aço Brasil (IABr), as usinas siderúrgicas estão trabalhando atualmente com 40% da capacidade instalada.
Segundo o Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (Inesfa), com a forte queda na demanda interna, as exportações são hoje uma das poucas alternativas para o setor. “Mesmo com a pandemia do coronavírus, os países da Ásia, principal mercado da sucata, continuam a importar bastante o insumo brasileiro”, afirma Clineu Alvarenga, presidente do Inesfa.
As exportações são também importantes, diz Alvarenga, como forma de dar um destino correto às milhares de toneladas de sucatas, acumuladas nos pátios das empresas geradoras, cooperativas de catadores e em pequenos depositários, que, se não forem reaproveitadas, podem levar à propagação de doenças como a covid-19, dengue, chikungunya, zika e febre amarela.
O Inesfa reúne um setor composto por mais de 5,6 mil empresas em todo o país, responsáveis pela produção anual de 8 milhões de toneladas de sucata e que garante o emprego de mais de 1,5 milhão de pessoas, das quais cerca de 800 mil são os catadores (os chamados “carroceiros”).
Foto – crédito: Michael Schaffler (Unsplash)
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