As simulações computacionais de processos metalúrgicos de fabricação ficaram incubadas por décadas nas universidades. Métodos de cálculo numérico, como elementos finitos, volumes finitos, entre outros, começaram a ganhar força no final do século passado com o advento da evolução dos processadores virtuais. Ainda assim, fatores como o alto custo de aquisição dos programas comerciais, a escassez de mão de obra qualificada para a correta condução de simulações e tentativas ineficazes de implementação na indústria fizeram com que o parque industrial sul-americano se atrasasse no uso dessas tecnologias, resultando em maior dificuldade de inovação e aumento de custo de desenvolvimento frente a empresas globais.
Os resultados de se utilizar uma simulação por elementos finitos, por exemplo, em processos de conformação mecânica e também de tratamento térmico são comprovadamente efetivos do ponto de vista técnico e financeiro. Porém, a implementação dessas soluções de simulação não é algo intuitivo e confortável para as empresas. Essa atividade leva tempo e necessita metodologia e acompanhamento específicos, além de dedicação e adaptação para que se tenha o retorno desejado do investimento. Caso contrário, não havendo uma implementação criteriosa, dificilmente haverá continuidade do trabalho e a consequência é o descrédito na simulação e o desuso dessas ferramentas, implicando na perda do investimento e impedindo o aprimoramento da metodologia de trabalho de uma empresa.
A implementação da simulação, a princípio, pode gerar a falsa impressão de que substituirá os profissionais de try-out e até mesmo de desenvolvimento de processo, causando desconforto entre os setores e a não colaboração entre eles. Mas, na realidade, os programas computacionais não possuem a tecnologia de solucionar problemas ou escolher a melhor estratégia de processo. Existem, no máximo, algumas rotinas que testam diversas situações para se identificar a sensibilidade do processo em relação à variação de determinados parâmetros de entrada. Ainda assim, nesses casos, é necessário dispor de experiência prática para configurar esses parâmetros e até mesmo para controlá-los em prática. Mas, afinal, como identificar processos passíveis de serem assistidos por simulação computacional e vislumbrar as possibilidades rentáveis de sua aplicação, direcionando e focando o uso da ferramenta virtual? O sucesso da implementação industrial passa, necessariamente, pela análise estratificada do custo de todo o processo produtivo da empresa. Essa tarefa deve ser executada em sinergia com os diferentes setores, pois, quando atrelado a conhecimentos teóricos e à experiência técnica, potencializa as possibilidades de sucesso.
As universidades começaram a perceber o mercado. Por exemplo, um curso pioneiro de aperfeiçoamento, intitulado Implementação da Análise de Custos e da Simulação nos Processos de Fabricação, será ofertado no primeiro semestre de 2016 para profissionais de todas as áreas. Essa tendência mostra que a universidade passou a enxergar além da necessidade pura e simples do conhecimento teórico, focando também na estruturação de uma visão econômica do profissional e no desenvolvimento de habilidades voltadas ao planejamento e à gestão do uso de ferramentas tecnológicas.