Devido à importação, a indústria de autopeças no Brasil cresceu a metade da indústria de veículos
Alguns fatos registrados na última década:
1. Entre 2002 e 2011, a fabricação de veículos automotores no Brasil passou de 1,63 para 3,42 milhões de veículos, um aumento de 109%. No mesmo período, a indústria de autopeças cresceu 54%, ou seja, a metade do crescimento da indústria de veículos.
2. Entre 2002 e 2011, o PIB “automotivo” passou de 12,9% para 18,9% do PIB industrial brasileiro. No mesmo período, o PIB das demais indústrias de transformação do país caiu de 49,5% para 34,2%.
3. Em 2004, 4% dos veículos licenciados no Brasil eram importados. Em 2011, este número subiu para 24%, ou seja, de cada quatro veículos vendidos, um era importado.
4. Em 2012, exportamos US$ 22,7 bilhões de veículos e autopeças e importamos US$ 33,2 bilhões, ou seja, nossa balança ficou US$ 10,5 bilhões negativa.
No final da primeira década deste século uma nova palavra passou a fazer parte do vocabulário do brasileiro: desindustrialização. Uma palavra que demorou para ser compreendida pelo governo brasileiro, apesar dos esforços das associações de classe para que ela fosse ouvida. Finalmente conseguiram e, infelizmente, foi utilizado o polêmico recurso do aumento da taxação para veículos importados, reforçando ainda mais a imagem do país como sendo um dos mais fechados para o comércio internacional.
Desta vez, porém, vemos algo novo: as empresas que investirem em tecnologia e cumprirem determinadas metas poderão se beneficiar de uma redução de até 30% no valor do IPI. As regras e cálculos não são simples (vide IH Jul/Set 2013 pg. 60) e, para compreendê-las e aplicá-las, as indústrias automobilísticas terão que incluir mais tributaristas em sua folha de pagamento. Um breve resumo:
Inovar-auto é o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento (leia-se nacionalização) da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores. Serão beneficiárias as empresas que:
• Produzem veículos no país;
• As que não produzem, mas comercializam veículos importados;
• As empresas que apresentam projeto de investimento no setor automotivo.
Os objetivos principais que deverão ser cumpridos até 2017 são o aumento de 12,08% da eficiência energética média dos veículos e o aumento da segurança dos veículos. Os investimentos deverão ser feitos em insumos estratégicos, ferramentaria, pesquisa, desenvolvimento, inovação tecnológica, engenharia, tecnologia industrial básica e capacitação de fornecedores.
O resultado desta ação já está sendo sentido. Nos últimos meses, várias montadoras direcionaram seus investimentos para o Brasil, com destaque para mais de R$ 15 bilhões da Fiat e R$ 11,2 bilhões das empresas alemãs. Contando-se as demais empresas, chegamos a mais de R$ 40 bilhões de investimentos em nosso país!
Como podemos nos beneficiar? Bielas automotivas sinterizadas, por serem mais leves, reduzem a inércia do motor, levando à economia de combustível e aumento do desempenho. Engrenagens sinterizadas para caixa de transmissão proporcionam o mesmo benefício. Anéis para sensor ABS são facilmente obtidos por metalurgia do pó, com baixo custo e excelente desempenho. Estes são apenas alguns exemplos de componentes que poderão ajudar as empresas automobilísticas a atingirem suas metas de eficiência e segurança.
Resultado esperado: uma indústria nacional fortalecida e tecnologicamente atualizada. Um veículo fabricado no Brasil com tecnologia, eficiência e custo competitivo para enfrentar a concorrência internacional e, porque não, uma balança comercial equilibrada onde veículos importados são bem-vindos no Brasil e veículos brasileiros são bem aceitos no exterior.
Cabe a cada empresa de autopeça demonstrar para a montadora o impacto que seu produto terá nas metas estabelecidas e, assim, poder se beneficiar deste programa do governo. Vamos aproveitar esta oportunidade?