Na última quarta-feira, 08/11, a justiça decretou a falência da empresa Guerra S.A. Implementos Rodoviários. A sentença foi aplicada pela juíza Maria Olivier, da 4ª Câmara cível de Caxias do Sul (RS). A Guerra já havia parado a produção em 16 de maio, tendo liberado seus funcionários sem pagamento dos direitos trabalhistas, nem a integralidade dos salários de abril.
Segundo o administrador judiciário Cristiano Arnt Franke, é estimado que a dívida atual da companhia – que já chegou a ser a segunda maior do País no segmento – incluindo os débitos tributários, se aproxime dos R$ 300 milhões. Na assembleia estavam sujeitos débitos de credores na ordem de R$ 120 milhões a R$ 130 milhões. Outros R$ 70 milhões a R$ 80 milhões não estavam incluídos.
Os passivos trabalhistas não somavam R$ 1 milhão. Agora, com o período de seis meses sem pagamento de salários e folha mensal de R$ 2 milhões, a dívida deve incorporar, sem correções, algo como R$ 14 milhões. Estima-se que em torno de 200 funcionários ainda têm vínculo com a empresa, que em seu auge chegou a empregar 2 mil pessoas.
Drama já durava mais de dois anos
Desde meados de 2015, a Guerra encontrava-se em recuperação judicial, mas nunca houve acordo entre os sócios majoritários e minoritários para o encaminhamento de solução. Com a rejeição da proposta, a decisão coube ao Poder Judiciário. A juíza determinou prazo de 15 dias para que todos os credores habilitem seus créditos para pagamentos futuros a partir da apuração de recursos em leilões de bens da empresa. Franke destacou que houve o fechamento das unidades e início de levantamento dos bens patrimoniais.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Claudecir Monsani, “os sócios não estavam produzindo ações para resolver os problemas, que só se avolumavam. Não se preocuparam com a recuperação judicial, foram irresponsáveis”, criticou. Ele estima que as dívidas trabalhistas devam oscilar entre R$ 70 milhões e R$ 80 milhões. Desde a última quinta-feira, a assessoria jurídica da entidade trabalhava no levantamento da situação de todos os empregados e ex-empregados que deixaram a empresa sem receber suas indenizações.
Na sentença, a juíza fixou prazo de cinco dias para que os sócios apresentem a relação atualizada de credores. Também foi determinada a lacração dos estabelecimentos comerciais e arrecadação dos bens e encerramento de contas bancárias. Cabe recurso.
A Guerra conta com 46 anos de atividades, tendo sido fundada por Ângelo Guerra. Foi comprada em 2008 pelo fundo de investimentos Axxon Group.