Eldon Egon Jung

Em 1980, Eldon Jung era funcionário de uma fábrica na cidade de Blumenau, em Santa Catarina. Gaúcho, ele pouco tempo antes havia feito a mudança de seus móveis de Porto Alegre, onde morava, para Blumenau. Sua esposa trabalhava com cerâmica artística, tratada em um forno instalado em sua casa. Ao organizar a mudança, Eldon percebeu que o forno, de tijolos refratários montados sem uma estrutura de sustentação, era impossível de mover do lugar.

Frustrado com isto, viu aí uma oportunidade. Por que não fabricar fornos para esta atividade que fossem mais práticos, leves e fáceis de transportar? Pesquisando sobre materiais isolantes inovadores, descobriu que já existia no mercado a fibra cerâmica, que resistia a altas temperaturas e havia sido desenvolvida para utilizar em espaçonaves da NASA, a agência espacial americana. Procurou o fabricante no Brasil, explicou o projeto, e, entusiasmado com o baixo peso do material, pensou em fabricar um forno 100% isolado termicamente em manta. Foi dissuadido, pois teria de usar tubos cerâmicos para suportar os elementos de aquecimento, que queimariam imediatamente se fossem montados diretamente no isolamento em fibra.

Nesta época ele foi demitido na empresa em que trabalhava. A esposa ficou preocupada com isto, mas ele até que se animou. Poderia se dedicar mais à família, ao filho e assim executar o seu projeto em casa.

Se empenhou em desenvolver o protótipo do forno com isolamento em manta, que ficou pronto em 8 de maio de 1980. Jung diz que testou enrolar um pedaço de fibra cerâmica em volta de um elemento de aquecimento. E ele não queimou. Pesquisando, descobriu que o problema que fazia os elementos entrarem em curto era o alto teor ferro que existia na fibra cerâmica quando ela fora lançada. Com o passar dos tempos o teor havia sido reduzido, a ponto de ser insignificante quando ele fez o teste. Passou a apoiar as resistências diretamente na manta moldada.

Com o protótipo no porta-malas do carro, Eldon Jung passou a visitar professoras de pintura em porcelana e a participar ativamente de feiras deste segmento, ficando com a esposa mais de 30 finais de semana por ano em feiras. A sua argumentação de venda para o equipamento era incisiva: tinha um forno leve, com aquecimento mais rápido, consumo mais baixo e, pelo fato da potência instalada ser menor, podia ser ligado diretamente na tomada da residência. Facilitava enormemente a vida da artista, que não precisaria se locomover do atelier para a fria garagem, onde tradicionalmente eram instalados os fornos até então. Era ecológico, pois processava internamente o fumo da queima dos esmaltes.

Em junho de 1980 abriu a sua empresa Fornos Jung Ltda. em Blumenau. Percebeu que as ceramistas, em geral mulheres, muitas vezes frequentavam as feiras acompanhadas de seus maridos. E alguns destes, empresários, estavam interessados em utilizar esta nova tecnologia para modernizar seus setores de processamento térmico. Foi assim que Jung começou a fabricar fornos para tratamento térmico. Em 21 de julho do mesmo ano entregou seu primeiro forno. No ano seguinte, entregou 8. Até hoje, a empresa já entregou milhares.

Nos primeiros anos a empresa era na dispensa da casa de Eldon Jung. Queria ficar ali por cerca de três anos, acabou ficando doze. Passou a construir “puxados” em volta de sua casa, conforme surgia a necessidade de mais espaço. Mas sempre deixando aberturas sem construção em volta das árvores do quintal, para evitar seu corte. Ambientalista convicto, a preocupação com o meio ambiente faz parte do dia a dia de Jung. Isto fica evidente na disposição das instalações fabris, nos jardins floridos, no recorte do telhado da recepção para acomodar o galho de uma árvore ou no patrocínio do reflorestamento de uma área pública do outro lado da rua de sua fabrica.

Outra preocupação é a mobilidade urbana. Em 1978, observando os funcionários na saída do expediente, Jung se impressionou com os malabarismos que eles tinham que fazer com as suas bicicletas no trânsito da avenida em frente à empresa. Decidido a mudar este quadro, ele, que não andava de bicicleta, iniciou um forte engajamento pela construção de ciclovias em sua cidade. À frente de uma ONG dedicada a atividades pró-ciclovias, acompanha de perto as atividades das administrações públicas na área do transporte urbano. Passou a andar de bicicleta, gostou e hoje utiliza a bicicleta para a sua locomoção. Só venho de carro se está chovendo quando saio de casa, diz. E completa: se a chuva me pega no caminho, ponho a capa e sigo. O capacete de ciclista e outros itens de proteção fazem parte do seu cotidiano.

ob sua liderança, a empresa cresceu, diversificou. Abriu um tratamento térmico para atender clientes. Entrou em outros setores, criou joint venture com a Hormesa da Espanha, empresa detentora de tecnologia de fabricação de fornos de fusão e manutenção de alumínio e outros materiais não-ferrosos. Agora, a empresa está fechando uma parceria com a Seco Warwick, tradicional fabricante internacional de fornos. Os rumos da empresa são orientados por conselhos de administração, em que Eldon Jung atua como conselheiro. A direção da empresa hoje está a cargo dos diretores Diogo Jung, seu filho, e de Jonas Luchtenberg.

 

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