José Celso Caputo

Celso Caputo é secretário-executivo do SINDIFORJA – Sindicato Nacional da Indústria de Forjaria, com sede na cidade de São Paulo. Ele conta que, formado pelo antigo curso normal, começou a vida profissional como professor primário em Tatuí, cidade do interior do estado de São Paulo onde nasceu. Aos 18 anos, tendo cursado curso de ciências contábeis, montou um escritório de contabilidade junto ao tio e padrinho, passando como contador a dominar também legislação tributária e societária e gestão de negócios. Posteriormente, fez o curso de filosofia, ciências e letras em Sorocaba e se formou professor de história. O escritório de contabilidade passou a ter muita concorrência na então pequena cidade de Tatuí, mal dava para Celso pagar sua faculdade na vizinha Sorocaba. Decidiram vender o escritório e ele foi procurar emprego em São Paulo.

Celso comenta que no dia em que chegou ele já conseguiu uma vaga. Numa agência de empregos, candidatou-se como contador. Diz que pela pouca idade desconfiaram de seus conhecimentos e lhe deram um balanço para analisar. Tinha sido prática constante de seu trabalho e ele interpretou corretamente os dados do mesmo. Deram-lhe outro, mais volumoso, que ele também analisou corretamente. Foi contratado para ser subcontador de uma empresa de confecções na Bela Vista. Isso foi no final da década de 60. Logo em seguida o contador foi mandado embora. Ele não quis assumir a contabilidade, queria que tivesse outro contador. Aí a empresa o promoveu a gerente. Concluiu seus estudos, formando-se em direito pela FIEO, Fundação Instituto de Ensino para Osasco. Foi uma das primeiras turmas desta faculdade da cidade de Osasco, cidade vizinha de São Paulo. Até hoje Celso Caputo advoga em causas civis, em conjunto com uma banca de amigos. Trabalhou na empresa de confecções por aproximadamente 6 anos no cargo de gerente-geral.

Conheceu pessoas no então Banco Real que utilizavam seus serviços como free-lancer. Gostaram de seus conhecimentos e um dia lhe convidaram para trabalhar lá como funcionário. Aceitaram a sua solicitação de salário e acabou contratado como assessor técnico fiscal. Foi subindo na hierarquia da empresa chegando a subcontador geral do banco e, posteriormente, subchefe do setor jurídico. Por sugestão de amigos foi convidado pela direção da instituição a assumir a direção de uma empresa do grupo situada no estado do Acre. Celso Caputo, nesta época, já era casado e tinha dois filhos homens. Avaliou o convite com a família e acabou decidindo por aceitar. Seguiu para o Acre, onde permaneceu por cerca de 8 anos. Ele comenta que se adaptou muito bem naquele estado, com bom relacionamento na sociedade local. A empresa tinha algumas empresas na região, desde serrarias, extração de castanha, extração e beneficiamento de látex e de óleo de dendê, entre outras. Saiu do grupo quando o banco começou a ser preparado para venda a outra instituição.

Foi, então, que o SINDIFORJA entrou na vida de Celso Caputo. Benedito de Godoy Moroni, irmão de criação de Celso, era secretário-executivo do SINDIFORJA e havia sido convidado para assumir o cargo de fiscal de renda federal na cidade de Presidente Epitácio, no extremo oeste do estado de São Paulo. O prazo para assumir o cargo estava vencendo e ele precisava de alguém para ocupar o seu lugar. Ligou para Celso, que nesta época trabalhava no Unibanco em Osasco, e ele aceitou o desafio de ser o secretário-executivo da entidade no lugar de Benedito de Godoy.

O SINDIFORJA foi fundado como Associação Brasileira de Forjarias em janeiro de 1958, em um escritório da Praça João Mendes, no centro da cidade de São Paulo. O escritório pertencia ao hoje renomado jurista Ives Gandra Martins, na época advogado e amigo do Dr. Alexandre Rodolpho Smith de Vasconcelos, presidente, então, da indústria de forjados SIFCO e um dos principais articuladores da fundação da Associação. Esta entidade deu origem, em 1964, à Associação Profissional da Indústria de Forjaria de São Paulo, com seu escritório transferido para o Palácio Mauá, então edifício sede da CIESP / FIESP, no número 80 do Viaduto Dona Paulina, centro de São Paulo. No mesmo endereço foi fundada, em 1965, a sociedade civil Centro Brasileiro de Forjarias. Em 1969, nova mudança de razão social da Associação, alterada então para Sindicato da Indústria de Forjaria de São Paulo. Em 1974, ainda no mesmo endereço, a denominação da entidade foi completada para Sindicato da Indústria de Forjaria no Estado de São Paulo.

Por sugestão do presidente do Sindicato na ocasião, Dr. Alexandre Rodolpho Smith de Vasconcelos, a entidade procurou uma sede própria, que foi inaugurada em agosto de 1983 e onde se localiza até hoje, na Rua General Furtado do Nascimento 684, 6º andar, Cjs. 61 e 62. Dr. Alexandre foi presidente do SINDIFORJA por dois mandatos, de 1969 a 1975 e de 1981 a 1993. Finalmente, em 1988, a denominação foi alterada para Sindicato Nacional da Indústria de Forjaria, SINDIFORJA, que mantém até esta data.

José Celso Caputo começou a trabalhar no SINDIFORJA em agosto de 1990. Na época, a indústria de forjados estava em seu auge, com mais de 70 sócios participando do Sindicato. Com o início do Plano Real, em 1994, houve um momento de entusiasmo na economia brasileira que se refletiu no setor de forjados. Naquele ano, decidiu-se promover o evento SENAFOR, criado e apresentado anualmente no Rio Grande do Sul pelo Eng. Paulo Regner e pelo Prof. Dr-Ing. Lirio Schaeffer, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), no estado de São Paulo. Celso comenta que o evento foi realizado nas dependências da USP (Universidade de São Paulo), na cidade de São Paulo. Chegou-se a prever a realização do evento em momentos alternados, uma no Rio Grande do Sul e no outro ano em São Paulo. Mas foi realizado apenas um em São Paulo. Na mesma época, já no início da presidência de Arnaldo Meschnark, outro evento internacional, o seminário promovido pela EUROFORGE europeia, foi anunciado para ser realizado no Brasil pelo SINDIFORJA. Foi cancelado pela deterioração dos números da economia no Brasil.

Atualmente, o número de sócios ativos é de aproximadamente 40. O setor se ressente da política de desindustrialização enfrentada pelo país nos últimos anos. Importações de forjados a custo extremamente baixo fizeram muita empresa ou fechar as portas ou se associar a outras. E a maior preocupação do SINDIFORJA passou a ser a de alertar o governo sobre os problemas do setor. Celso, diretores da entidade e também o seu presidente, Harry Eugen Josef Kahn, participaram de várias reuniões no BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e no MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior em Brasília, para defender a observância do percentual de conteúdo local.

Finalmente veio a primeira luz, com o lançamento do Plano Brasil Maior em 2011, criado para aumentar a competitividade da indústria nacional. Mas o que realmente animou a indústria automobilística, principal setor atendido pela forjaria nacional, a investir em tecnologia foi o Programa Inovar Auto, Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores, criado em 2013 e com vigência até 2017.

Mas talvez o grande motivador para uma nova realidade pode ser a recém-promulgada Medida Provisória 638, que trata também da rastreabilidade da origem de autopeças. Conforme Celso, embora ainda precise de regulamentação, esta MP, em que parte das sugestões feitas pelo SINDIFORJA foi aproveitada, está fazendo com que montadoras já estejam contratando empresas especializadas para fazerem a rastreabilidade dos componentes dos itens adquiridos para sua linha de produção. Celso diz que sem isso as forjarias e a indústria nacional como um todo tende a diminuir sua produção.

 

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