“Um engenheiro que, sem dúvida, contribuiu para que os produtos e as ferramentas nacionais tivessem maior desempenho e qualidade nos últimos anos. Por isso, este reconhecimento é mais do que justo, a um profissional que sempre se preocupou com a cadeia produtiva no Brasil”
Luiz Roberto Hirschheimer nasceu em São Paulo. Filho de pai alemão, o que explica o seu sobrenome de difícil pronúncia. Estudou engenharia metalúrgica na Escola de Engenharia de Mauá, nos três primeiros anos em São Caetano do Sul/SP e os dois últimos no Parque Dom Pedro II, na cidade de São Paulo/SP, nas novas instalações para onde a escola havia se mudado naquela época. Fez vestibular em 1965, formou-se em 1970.
No quarto ano de faculdade se informou sobre empresas que ofereciam estágios e lhe indicaram um fabricante de fitas de aço para embalagem, onde Luiz Roberto trabalhou por algum tempo. Conta que em uma das operações de produção as fitas passavam por um processo de austêmpera, quando adquiriam maior flexibilidade. Ele achou aquilo muito interessante e procurou maiores informações sobre o que realmente acontecia durante aquele tratamento térmico.
Em 1970 chegou na Brasimet, havia conseguido o endereço e o telefone em sua escola. Foi recomendado para procurar Karlheinz Pohlmann, então gerente do tratamento térmico na empresa que havia recentemente se mudado do Ipiranga para os primórdios da Avenida das Nações Unidas, que posteriormente se integraria ao complexo Marginal do Rio Pinheiros, na cidade de São Paulo/SP. Luiz começou seu estágio em Maio do mesmo ano. Certo tempo depois foi aprovada a bolsa de complementação para um período de intercâmbio acadêmico na Alemanha, onde ele havia se inscrito.
Procurou orientação de como proceder com Pohlmann, e este, em conjunto com Carlos Rauscher, presidente da empresa naquela época, lhe ofereceram a possibilidade de estagiar em fabricantes de fornos na Alemanha quando terminasse seu intercâmbio de seis meses, desde que assumisse o compromisso de trabalhar na Brasimet quando retornasse da Alemanha. E, assim, Hirschheimer seguiu para a Alemanha, fez sua pós-graduação em física dos metais pela Technische Hochschule Clausthal e estagiou posteriormente nas empresas Degussa e J. F. Mahler, ambas licenciadoras de tecnologia com a Brasimet.
Retornou ao Brasil e foi integrado à divisão de fornos da empresa, naquela época dirigida por Gerwald Decker, atualmente representante no Brasil do fabricante de fornos Ebner Industrieofenbau, da Áustria. Luiz Roberto ficou responsável pelo projeto e colocação em funcionamento de fornos contendo banhos de sais, fornos de recozimento a vácuo, fornos contínuos para brasagem e fornos-câmara para cementação e nitrocarbonetação a gás. Ele queria fazer uso do seu conhecimento metalúrgico e, providencialmente, Pohlmann lhe telefonou certa vez querendo saber se conhecia alguém que poderia ser gerente de controle de qualidade na divisão de tratamentos térmicos que ele chefiava na empresa. Ele se candidatou e foi aceito.
Na divisão de tratamentos térmicos Hirschheimer acumulou funções e ficou com o cargo de gerente de controle de qualidade e desenvolvimento de novos processos. Era chefe dos laboratórios metalográfico e químico da empresa. Começou a desenvolver novos processos, como por exemplo a boretação.
A Brasimet foi a primeira empresa do ramo de prestação de serviços industriais a ter a ISO 9001 no Brasil. Luiz Roberto no controle de qualidade foi designado pela empresa para a coordenação geral de montagem do primeiro sistema de garantia da qualidade junto à consultoria que havia sido contratada com esta finalidade. Depois de um ano receberam a certificação.
Hirschheimer continuava envolvido com a transferência de tecnologias ao Brasil. A empresa foi a primeira empresa a ter forno de tempera a vácuo, para recozimento já existia. Também trouxe a nitretação a plasma.
A empresa ampliava a sua atuação no Brasil, por meio da aquisição de empresas concorrentes. E Luiz Roberto foi incumbido da adaptação ao modelo Brasimet das fábricas adquiridas em Campinas/SP, São Leopoldo/RS e Joinville/SC. Em todas elas participou tanto dos cálculos de viabilidade econômica quanto na implementação. Na unidade de Campinas chegou a morar por três meses na cidade até a total integração da unidade. Auxiliou nesta atividade o fato de ser pós-graduado em administração industrial pelo Instituto Mauá de Tecnologia. Como ele faz questão de salientar: “fiz pós-graduação em administração industrial, não chamava administração de empresas na ocasião, era administração industrial específica para a indústria”.
Em 2002, o professor Vicente Chiaverini, na época secretário-geral da ABM (Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração), da qual havia sido um dos fundadores, disse a Hirschheimer que a associação queria fundar uma diretoria de tratamentos térmicos e se ele não queria ser o seu dirigente. Ele concordou e foi nomeado o primeiro diretor da divisão técnica tratamento térmico e engenharia de superfície. Em meados de 2002 começaram as reuniões da nova diretoria.
Em 2003, novo desafio. Tornou-se um dos sócios-proprietários da empresa prestadora de serviços de tratamentos térmicos Techniques Surfaces do Brasil, filial do Grupo Francês HEF em nosso país. Como gerente técnico da TS teve oportunidade de desenvolver outras tecnologias, como por exemplo da cementação em baixa pressão no forno a vácuo que a empresa havia importado.
Saiu da TS Techniques Surface em Fevereiro de 2012. Conforme ele: “sai de lá porque eu já tinha um plano de parar aos 65 anos”. Fundou sua própria empresa, a Hirschheimer Serviços Ltda, empresa especializada em consultoria de assuntos relacionados aos processos, treinamento de pessoal, fornos e custos dos tratamentos térmicos de quaisquer tipos de aços.
Luiz Roberto Hirschheimer tem vários trabalhos publicados: 16 trabalhos de cunho científico/tecnológico, publicados nas revistas Metalurgia (ABM), Ferramental, Industrial Heating e em “proceedings” da Heat Treating Society da ASM, American Society of Materials.
Em Agosto deste ano, durante a realização do Moldes – 11ª edição do Encontro da Cadeia de Ferramentas, Moldes e Matrizes da ABM, foi homenageado por suas atividades na associação, recebendo uma placa das mãos do engenheiro Karlheinz Pohlmann, ex-presidente da Diretoria e do Conselho da ABM.
Na ocasião, Carlos Humberto Sartori, gerente técnico comercial de serviços na Aços Böhler-Uddeholm do Brasil e mediador do evento, se referiu a Luiz Roberto Hirschheimer como “um engenheiro que, sem dúvida, contribuiu para que os produtos e as ferramentas nacionais tivessem maior desempenho e qualidade nos últimos anos. Por isso, este reconhecimento é mais do que justo a um profissional que sempre se preocupou com a cadeia produtiva no Brasil”.