Rosie, a Forjadora

O falecimento de Mary Doyle Keefe, no final de Abril de 1992, não é algo que esteja perdido em nós e, combinado com outro evento, nos induziu ao tópico deste mês. Na sua própria identidade, Keefe foi conhecida por quase todos nós. Mas, depois de duas manhãs servindo de modelo para Norman Rockwell em seu estúdio, em Arlington, Vermount, em 1943 (para o qual ela recebeu US $10), ela se tornou “Rosie, a Rebitadeira” (Rosie the Riveter). Keefe, uma mulher pequena, viu a si mesma como uma volumosa e musculosa “Rosie” somente após a pintura ser feita. Rosie fez sua estreia na capa do Saturday Evening Post em 29 de maio de1943 e a partir daí ela se tornou um ícone cultural para a geração de mulheres que trabalhavam nas fábricas e estaleiros navais durante a Segunda Guerra Mundial.

Essas mulheres faziam mais do que a sua parte na guerra, trabalhando em fábricas tradicionalmente dominadas por homens, as quais produziam equipamentos de guerra e materiais em suporte para a nação e para os homens que saíam para a luta como soldados nos teatros de conflito da Europa ou Pacífico. Uma escassez similar da mão de obra masculina ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial, mas foi só em 1940 e, com o retrato de Rockwell, que o momento da Rosie começou. Durante a Segunda Guerra Mundial, as mulheres se tornaram operadoras de torno, de prensas furadeiras e, com certeza, rebitadeiras de carcaças de aeronaves, tanques, artilharias e muito mais.

O papel de Rosie mudou quando a paz chegou em Maio e Agosto de 1945 e ela se tornou um símbolo feminista no contexto cultural mais amplo. Mais de 70 anos após a capa de Rosie no Saturday Evening Post, a sua reputação ainda é conhecida por jovens e idosos de ambos os sexos. Mais importante, Rosie abriu por completo o campo de trabalho para as mulheres e acabou com a questão de gêneros como uma fator limitante nos tipos de emprego que uma mulher poderia procurar de forma realística.

Ela realmente fez isto?

O fato é que, hoje, no setor de manufatura, as mulheres correspondem a somente 29% do total de funcionários, o que está longe de ser representativo da sua proporção na população como um todo. Os papéis biológicos e culturais podem explicar parte da diferença, mas não podem explicar tudo. As mulheres no grupo industrial de “forjamento e estampagem” correspondem a somente 25% da força de trabalho. Somente 13% da mão de obra em fundições é feminina e o meu palpite é de que nas forjarias, em si, o número de funcionárias do sexo feminino seria próximo desta porcentagem – bem próximo.

Em três décadas cobrindo a indústria da conformação mecânica eu tenho observado em primeira mão a escassez de mulheres nesta área. Mas eu também tenho observado um aumento na porcentagem de mulheres estudantes (e professoras) sendo atraídos para carreiras nas tecnologias e processos de conformação metalúrgica.
E, assim, chegamos ao segundo evento que inspirou este tópico.

Há alguns meses, Sharon Haverstock, uma executiva aposentada da empresa Scot Forge, tornou-se benfeitora, financiando uma nova bolsa de estudos para mulheres na indústria do forjamento (Forging Industry Women´s Scholarship), projetada para atrair e treinar mulheres que poderiam ser bem-vindas como futuras líderes desta indústria. A fundação FIERF – Forging Industry Educational and Research Foundation – foi escolhida para administrar este novo programa de patrocínio para mulheres em programas acadêmicos relacionados à  tecnologia de forjamento.

O Forging Industry Women´s Scholarship foi estabelecido como um resultado do que a FIERF descreve como “um presente muito generoso de Sharon Haverstock”. “Eu gostaria muito de honrar o povo e a indústria que ajudaram a me fornecer uma carreira de 32 anos incrivelmente emocionante e gratificante na forja”, ela explicou. O programa Forging Industry Women´s Scholarship oferecerá por ano três bolsas de estudo no valor de até US $ 5.000, com início em 2015, para as mulheres atualmente matriculados como estudantes em tempo integral nos EUA, Canadá e México cursando uma graduação, bacharelado ou mestrado em Engenharia, Administração, Marketing, Produção, ou uma área de estudos comparável a um colégio ou universidade credenciada. Será dada preferência aos alunos com uma conexão com a cadeia da forjaria, e o programa irá incentivar os beneficiários de bolsas de estudo para completar um estágio em uma empresa da indústria da forja. Claramente basta dizer que os investimentos de Sharon Haverstock no futuro da indústria do forjamento são muito necessários e visionários.

“O ponto de partida é que eu, apaixonadamente, gostaria de ver mais mulheres usufruindo da oportunidade de experimentar o que eu fiz – uma carreira divertida e recompensadora em posições de liderança nesta indústria empolgante. Eu acredito que ´pagando para ver´, por meio do estabelecimento desta bolsa de estudos para mulheres, posso ajudar para que isto aconteça.”