Sim, você já viu este título em outro lugar. Fiz minhas as palavras de Carlos Pastoriza, presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ / SINDIMAQ, que as utilizou como título de sua coluna Palavras do Presidente deste mês de Setembro. Como não poderia ser diferente, Pastoriza demonstra na coluna a sua profunda preocupação com a perda de rumo do Brasil e por tabela da indústria brasileira da qual ele é um dos principais líderes. Ele chama atenção para o fato de nosso país ter escolhido o caminho do incentivo ao consumo e das exportações de commodities em detrimento do incentivo ao investimento que impôs à indústria brasileira de transformação uma perda de competitividade fatal. Explica que já fomos, por exemplo, na década de 80, o 5° maior produtor mundial de máquinas e equipamentos e que hoje ocupamos apenas a 17ª posição.
E não se trata apenas da indústria de máquinas, obviamente. Na edição passada relatamos a desventura da empresa Bodycote em nosso país. Da festejada compra da Brasimet há 8 anos para o lacônico comunicado informando ao mercado que a partir de 30 de setembro próximo estaria deixando de operar no Brasil. Simples assim. Não precisamos entrar em maiores detalhes de outras empresas do nosso setor que estão reduzindo suas operações por aqui. Algumas mudando de cidade, procurando escapar de custos elevados, conseguindo, assim, subsistir. Ou alterando a composição societária dividindo a operação para permitir a sobrevivência. Outras, no entanto, nem isso. Simplesmente, o correio retorna a nossa revista por “não ter localizado”. O e-mail não é lido, o telefone não atende mais. Desaparecem sem deixar informações.
Em Agosto, participei como palestrante convidado no evento ABM Week realizado no Rio de Janeiro. O título da palestra foi “O Tratamento Térmico no Brasil sob a perspectiva das tendências globais”. Na fase de preparação da palestra, preocupei-me em procurar o passado do tratamento térmico, diga-se fabricação de fornos no Brasil, para poder entender a evolução e conseguir imaginar o futuro em nosso país, considerando o que é atual no mundo hoje. Até aí, tudo certo. Só que a conclusão que se chega, ao examinar os números de fornos fabricados no passado e hoje, é devastadora. Não tem lógica, a não ser à luz do significado do título deste texto. Resumindo: a fabricação de fornos de tratamento térmico teve seu apogeu nos anos 70 e 80 no Brasil com os fornos a banho de sal. Mais de 2000 unidades fabricadas. Seguiu a época dos fornos de atmosfera controlada. Mais de 700 unidades fabricadas e instaladas no Brasil na década de 80 e 90.
Neste ponto começou a era do vácuo. Mundialmente são produzidos mais de 500 fornos a vácuo por ano (fonte: Janusz Kowalewski em http://global-heat-treatment-network.com/en/global-trends).
Nos Estados Unidos há mais de 7000 instalados. Canso de repetir que em 2009 presenciei, em um único fabricante de fornos a vácuo, na China, 30 fornos na linha de montagem. E há vários, isso mesmo, vários fabricantes de fornos a vácuo na China. E como vai este tema no Brasil? O que aconteceu por aqui? Não temos mais de 100 fornos a vácuo instalados aqui. Por que? Infelizmente, não temos estatísticas que auxiliem a entender o que aconteceu. Que mostrem faturamento deste setor em detalhes. O tratamento térmico não tem um ente que centralize estas informações. O SINDISUPER, Sindicato da Indústria de Proteção, Tratamento e Transformação de Superfícies do Estado de São Paulo, engloba as atividades do setor de tratamentos térmicos, mas em conjunto com a área de galvanoplastia.
O ano de 2015 se mostra para o nosso setor de uma forma pouco esperada, mesmo para os mais pessimistas. Ainda não chegamos a um ano pós-eleição e as projeções para os próximos meses são catastróficas. Os números não enganam. Usemos os nossos, que sempre estampamos em nossa revista. Enviamos consulta aos nossos clientes e planilhamos os resultados, os quais podem ser consultados na coluna Indicadores Econômicos. Esperamos que estejam enganados e que possamos ver tempos melhores proximamente.
Oxalá.
Boa leitura