A empresa de origem russa NLMK, do setor siderúrgico, chegou ao Brasil em 2015 mirando na meta de alcançar 30% de participação no mercado de aços especiais. No final do ano passado, a companhia alcançou metade do caminho, conquistando 15% de participação. Agora, a NLMK traça os próximos objetivos. O diretor geral da empresa na América do Sul, Paulo Seabra, afirmou que a companhia quer aumentar o número de estoques no Brasil, construindo uma unidade na região Norte do país – o que vai ao encontro de sua estratégia de estar próximo da demanda para fazer a pronto entrega. “Nossas chapas são muito usadas na mineração, setor que vem crescendo no Norte do Brasil, com os grandes investimentos que a Vale fez em Carajás“, explicou o executivo. Além do Brasil, Seabra afirmou também que a NLMK tem planos de expandir sua atuação na América do Sul, abrindo filiais no Chile e na Colômbia.
Qual o balanço que o senhor faz dos primeiros anos de operação da empresa no Brasil?
Temos duas formas de analisar. No geral, nossa opinião é que tivemos um retorno positivo. Temos um plano de negócio com metas que, apesar de todos os desafios, estão sendo cumpridas. Nosso objetivo central é chegar a um patamar de participação de 30% no mercado de chapas grossas especiais até o final de 2019. Nesta linha, fechamos o ano passado com 15% de participação. Então, estamos no caminho.
Do ponto de vista de toneladas faturadas, aí realmente a situação é comum para tudo mundo. A crise econômica impactou e foi muito maior do que todos poderiam prever. Falando em números absolutos, poderíamos mais. Só que dentro do cenário de mercado, estamos bem posicionados. É mix de sentimentos. Estamos satisfeitos porque estamos sendo bem recebidos. Não somos concorrentes das indústrias nacionais, somos complementares. No entanto, sabemos que a situação poderia estar melhor ainda sem a crise.
Qual a importância do Brasil para a empresa?
É um mercado que, no início da operação, não representava nada. Eu diria que o mercado brasileiro ainda não dá o resultado que poderia dar, em termos de valor de faturamento. Porém, o País, está aí e por pior que seja a situação nacional, a estratégia global da empresa é crescer nas principais economias do mundo. Produzimos as chapas no exterior, em três usinas nos EUA e seis na Europa. No Brasil, trabalhamos com duas unidades europeias, a da Bélgica e da Itália.
O Brasil é importante pelo seu tamanho e temos uma meta ambiciosa. Com 30% de participação, nos tornaremos líder de mercado. O Brasil é a base de nossa operação para a América do Sul. Tivemos a abertura de uma filial no Peru em setembro de 2016 e temos planos para operação em outros países, como Chile e Colômbia. Vamos continuar trabalhando para ter presença na América do Sul. Nosso grande objetivo é estar perto da demanda.
Quais são os planos de crescimento para o País?
Diferentemente de outras siderúrgicas, que produzem mediante pedido, modelo hoje que não é compatível com o mercado brasileiro, tomamos a decisão de produzir a chapa e pôr em estoque. Nossa estratégia com isso é atender o mercado de pronto entrega. A equipe de compras de uma empresa vai atrás de aço e quer entrega rápida e isso está calçando nossa estratégia de crescimento.
Nossas chapas são muito usadas na mineração, setor que vem crescendo no Norte do Brasil, com os grandes investimentos que a Vale fez em Carajás. Nosso estoque está em Santa Catarina e temos planos de criar estoques no Norte também. Queremos estar próximos da demanda. Mas estamos fazendo estudos, não tem nada definido ainda.
Quais são os principais projetos em andamento?
Estamos muito presentes no mercado da mineração, como também em construção, na chamada linha amarela (escavadeiras, caminhões, equipamentos de terraplanagem, retroescavadeiras). Estamos atendendo mais de 100 clientes no Brasil.
A companhia tem interesse em atuar de alguma forma no setor de óleo e gás?
Temos interesse sim, mas o Brasil tem protecionismo muito grande no mercado de óleo e gás e eólico. Com o conteúdo local mínimo, é necessário ter aço nacional nos equipamentos. Com isso, as usinas siderúrgicas internacionais ficam inviabilizadas de atuar. Mas temos interesse sim e podemos agregar muito.
FONTE: Entrevista realizada por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) e retirada do site https://www.petronoticias.com.br/archives/99608.