Um único olhar para as fotos em destaque revela o assunto – vitrais. Como os outros tópicos abordados nesta seção, ele tem sua história, e ela é impressionante. Algumas coisas vêm e vão com o tempo, mas o apelo pelos vidros coloridos tem permanecido. Muitos artesãos hoje em dia dedicam-se à restauração de janelas antigas de vitrais de forma que as novas gerações possam desfrutar da sua beleza.
A produção de vidros data de 5.000 anos atrás e os vitrais foram introduzidos nas igrejas cristãs europeias por volta do terceiro ou quarto séculos d.C.. Um dos exemplos conhecidos mais antigos de janela com vitrais, data de 686 d.C., e foi desenterrado no monastério de São Paulo, em Jarrow, Inglaterra. Os séculos 12 e 13 foram conhecidos como a época de ouro para os vitrais. Infelizmente, durante o período da Renascença, vitrais com vidros pintados substituíram os vitrais com vidros coloridos, e, em meados do século 18 todos os métodos antigos de produção haviam se perdido.
A segunda metade do século 19, tanto na Europa quanto na América, trouxe a Renascença para a arte de se fazer vitrais. Willian Jay Bolton fez a sua primeira janela para uma igreja em Nova York em 1843, apesar de nenhum outro americano ter praticado esta arte profissionalmente até que Louis Comfort Tiffany e John La Farge iniciaram o trabalho com vitrais no final do século 19. Graças, em parte, à influência de Tiffany, somente 10% do vitral produzido é utilizado atualmente em igrejas. O restante é utilizado em arquiteturas residenciais e industriais além de aplicações ornamentais.
Assim como o ofício de ferreiro, as técnicas para produção do vidro colorido mudaram um pouco desde a Idade Média. A coloração dos vidros é o resultado da adição de metais ou óxidos metálicos à matéria-prima. O óxido de cobre pode produzir a cor rubi, azul ou verde no vidro sob condições diferentes. O cobalto, em geral, é utilizado para produzir diferentes tonalidades de azul. Os óxidos de ferro e cromo são adicionados para produzir diferentes tonalidades de verde. O vidro opalescente é feito pela imersão de gotas de vidro branco fundido dentro do banho de vidro colorido, resultando em uma cor menos intensa.
A maioria dos fabricantes de vidros coloridos mistura a matéria-prima – incluindo fluxantes e agentes estabilizadores – e aquece a mistura a 1370°C. Para os vidros dos vitrais de catedrais, o material fundido é colocado em um equipamento que lamina os vidros até chapas com 3 mm de espessura. Estas chapas são resfriadas em um forno de recozimento. Uma fábrica pode produzir de 8 a 10 cores diferentes a cada dia.
Como nos tempos antigos, cria-se primeiro um projeto de uma janela de vitral. Uma janela tradicional narrativa contém painéis que contam uma história. Outros são criados simplesmente replicando-se um projeto. Uma vez que um modelo é determinado, inicia-se a verdadeira arte no processamento dos vitrais. O projeto muitas vezes incorpora a exata posição de onde o vitral será colocado, para se obter um efeito visual. Para se fazer o vitral, o vidro é cortado em pedaços manuseáveis e montados como um quebra-cabeças.
Uma vez pronto o quebra-cabeças, as peças são montadas dentro de um baguete em formato H. As juntas são então soldadas e a janela é impermeabilizada com massa de vidro, colocada entre o vidro e os baguetes. Isto evita que os painéis fiquem chacoalhando. O processo completo para se fazer uma janela de vitral pode levar de dois a três meses.
A estrutura, pedaços e peças complicam a manutenção de janelas grandes de vitral. A busca por empresas de restauração tem crescido, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. Mas é um trabalho também realizado no Brasil. As duas imagens destacadas mostram vitrais produzidos e restaurados em nosso país.
O alcance da vida de uma janela de vitral é, em geral, de 80 a 100 anos. O projeto de restauração envolve a remoção dos baguetes, limpeza dos vidros seguido pela re-montagem e re-assentamento da janela. O resto do processo é como já descrito. O prazo para execução do projeto leva em média oito meses, mas vale a pena esperar o resultado que será apreciado pelo resto do século.
A produção de vitrais é apenas mais uma forma de mostrar como o processamento térmico está diretamente envolvido com o objetivo de fazer o nosso mundo mais bonito.
Revisão da tradução e fotos gentilmente cedidas por Vitrais Ton Geuer, www.vtg.com.br
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