Trumpf reafirma confiança no Brasil

De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), nos últimos meses todos os segmentos industriais (extrativa, transformação e construção) registraram índices de confiança acima dos 50 pontos, o que aponta otimismo por parte dos empresários industriais.

João Carlos Visetti, diretor-presidente da Trumpf do Brasil, fabricante de máquinas-ferramentas e tecnologia a laser, afirma que é possível perceber um nível de atividade mais elevado no mercado. “As discussões sobre investimentos foram retomadas e esperamos concluir algumas negociações nos próximos meses.” Para Visetti, o governo atual se mostra mais preparado para a retomada do crescimento industrial, mas o atual cenário político ainda não ajuda. “Temos que atacar urgentemente questões estruturais como limite de gastos e as reformas da previdência, tributária e trabalhista”, explica.

As empresas importadoras são menos atingidas por crises locais, pois elas fazem parte de um setor competitivo no ambiente global, onde as oscilações em determinados mercados são compensadas por outros e, assim, conseguem manter a estabilidade do negócio. Flutuações também são ajustadas por regras trabalhistas flexíveis em que a carga horária se adequa ao nível da produção. A Alemanha, com maiores salários, é muito mais competitiva que o Brasil, graças a esta flexibilização.

 

Soluções simples para um problema difícil

Os principais fatores que prejudicam a evolução industrial no Brasil são a falta de fontes competitivas de financiamento para investimentos, já que o governo consome toda a poupança interna para financiar parte do seu déficit, alta carga tributária, leis trabalhistas arcaicas, uso político dos sindicatos e alto custo dos impostos indiretos. O diretor-presidente da Trumpf aponta que, em outros países, dedica-se mais de 80% do acumulado aos aspectos técnicos e produtivos do investimento. Aqui, esta parcela é direcionada à parte tributária e aos meios de financiamento.

Mesmo durante a crise que assolou a indústria no último ano, a Trumpf não deixou de investir. Existe um programa de expatriação de funcionários para filiais em outros continentes, que ajudou a suprir a alta demanda por técnicos em países como Espanha, México, Itália, Inglaterra, Portugal, República Tcheca, Romênia, Coreia do Sul e Japão, no momento em que havia ociosidade na unidade brasileira. O processo envolve uma longa negociação com a diretoria de Recursos Humanos da matriz e cuidados para garantir o bem-estar (físico e emocional) dos colaboradores brasileiros em outros países. “É uma forma de manter um profissional altamente capacitado em períodos de baixa demanda interna, ao mesmo tempo em que oferece suporte técnico para outras unidades”, explica Cleber Veronese, diretor da área de serviços da Trumpf. “Aproveitamos também a baixa demanda interna para treinar nossos engenheiros na matriz. Assim, quando a economia retomar o ritmo de crescimento, estaremos com nosso corpo técnico altamente qualificado e capacitado para fazer frente à concorrência”, completa Visetti. O modelo foi elogiado pela matriz, que vai adotá-lo em outras unidades de Serviços do grupo. “Viramos referência em expatriação”, diz Cleber.

Segundo Visetti, a valorização dos colaboradores é vital para que a indústria volte a crescer. Para ele, é fundamental melhorar a relação capital-trabalho. “Essa relação mudou muito desde a promulgação da nossa CLT. Atualmente, é possível e viável uma flexibilização de jornada onde se evita horas ociosas e extras em função de eventuais variações do mercado”, explica. Como exemplo, diz ele, a filial austríaca alonga a jornada diária, para encerrar a semana às 12h da sexta-feira. Já na Trumpf da Alemanha, o banco de horas varia em mais ou menos 200 horas.

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